Terça, 1 de julho.

O Brasil registrou um recorde de multas de trânsito em 2024, mas teve o menor número de suspensões de CNH em mais de uma década. Reunimos o que especialistas apontam como catalisadores dessa mudança, desde leis até o comportamento dos motoristas, para compartilhar com você nesta edição.

E mais: o modelo tributário do MEI contribui para um rombo bilionário na Previdência, solteiros de alta renda trocam apps por encontros personalizados e Harvard recomenda trocar os abdominais tradicionais. Também tem um lembrete sobre a importância de doar sangue, especialmente no inverno. Vamos nessa?

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SEGURANÇA EM XEQUE

Recorde de multas e menos suspensões: um panorama do trânsito no país

O Brasil encerrou 2024 com quase 75 milhões de multas de trânsito, o maior volume já registrado, mas apenas 290 mil CNHs suspensas - o menor número desde 2013, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Embora parte dos especialistas relacione a queda nas suspensões a alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que elevaram o limite de pontos de 20 para 40 e reduziram penalidades aplicadas a veículos registrados em empresas, outros fatores também são apontados como determinantes.

Para Jorge Tiago Bastos, do Observatório Nacional de Segurança Viária, o comportamento dos motoristas tem peso relevante. Muitos condutores reduzem a velocidade apenas diante de radares e voltam a acelerar logo depois, o que limita a eficácia da fiscalização. As multas por excesso de velocidade continuam a representar mais de 40% das infrações registradas no país na última década.

Além disso, a infraestrutura precária das rodovias contribui para a gravidade dos acidentes. Entre 2020 e 2024, o número de mortes nas rodovias federais cresceu 9,6%, alcançando 6.153 óbitos, com motociclistas respondendo por 38,6% das vítimas fatais.

Antes dessa piora, o Brasil viveu um período de queda nos óbitos. Entre 2013 e 2019, houve uma redução de 24% nas mortes no trânsito, equivalente a cerca de 10 mil vidas poupadas.

Enquanto isso, dos R$ 810 milhões arrecadados com multas em 2024, apenas R$ 54 milhões foram efetivamente investidos em ações de segurança viária.

MATCHMAKING

Solteiros de alta renda deixam apps e buscam encontros personalizados

Frustrados com aplicativos como o Tinder, solteiros de alta renda nos Estados Unidos têm recorrido a serviços de matchmaking que cobram até US$ 9 mil por pacotes de encontros. Essas plataformas oferecem consultoria de imagem, checagem de antecedentes e seleção por critérios como religião e altura.

O interesse por esse modelo cresceu nos últimos anos, refletindo o cansaço com interações superficiais e a busca por relacionamentos mais duradouros.

O filme Amores Materialistas, estrelado por Dakota Johnson, ajudou a popularizar o tema ao retratar uma consultora especializada em unir casais de alto padrão, mas o movimento já vinha se fortalecendo antes.

Segundo Michelle Frankel, fundadora da NYCity Matchmaking, a procura tem sido especialmente alta entre homens de 23 a 30 anos, que buscam relações mais estáveis após o período de isolamento.

COMO DOAR

Inverno reduz doações de sangue e reforça importância do gesto solidário

Durante o inverno, os níveis de doações de sangue costumam cair em todo o Brasil, o que pode afetar o atendimento em hospitais e hemocentros. Dados do Ministério da Saúde indicam que apenas 1,4% da população doa regularmente, um índice que especialistas consideram abaixo do ideal.

Cada doação pode beneficiar até quatro pessoas, ajudando pacientes em tratamentos oncológicos, cirurgias e emergências. O processo é rápido e seguro, com duração média de 40 minutos e seguindo protocolos rígidos de qualidade e higiene.

Para doar, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 kg e apresentar documento oficial com foto.

Segundo Sergio Fortier, hematologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, manter estoques estáveis depende da participação contínua de voluntários: “A doação é um gesto simples que faz grande diferença para quem precisa.”

Veja as principais respostas às dúvidas mais comuns sobre doação de sangue aqui.

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EMOÇÕES REAIS

Quando a positividade vira armadilha: o risco de negar sentimentos difíceis

O conceito de positividade tóxica descreve a tendência de minimizar ou reprimir emoções desconfortáveis em nome de um otimismo constante. Segundo Susan David, psicóloga da Universidade de Harvard, essa postura pode se tornar uma forma de supressão emocional, com efeitos prejudiciais à saúde mental.

Dados do Google Trends indicam que as buscas pelo termo cresceram desde 2019, acompanhadas por livros e estudos, como Toxic Positivity, de Whitney Goodman. Especialistas observam que expressões como “pense positivo” ou “veja o lado bom” podem invalidar sentimentos genuínos de tristeza ou medo.

Reprimir emoções, segundo psicólogos, pode aumentar o estresse, dificultar a tomada de decisões e reduzir a capacidade de construir sentido diante de situações difíceis.

Em vez de usar frases como “poderia ser pior” ou “tudo acontece por um motivo”, pode ser mais eficaz validar as emoções com respostas como “Sinto muito que você esteja passando por isso” ou “Deve ser muito difícil”.

Reconhecer sentimentos sem classificá-los como “bons” ou “ruins” fortalece o apoio emocional e contribui para uma recuperação mais saudável.

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