Segunda, 3 de fevereiro.

O declínio das taxas de natalidade continua a desafiar governos globalmente, mesmo com investimentos pesados em incentivos. Países como China, Hungria, Coreia do Sul e Japão tentam reverter a situação com medidas como tratamentos gratuitos e subsídios fiscais, mas os resultados são limitados. Segundo a ONU, até 2100, apenas 12 países manterão taxas de fertilidade acima do necessário para reposição populacional.

E mais: inflação dos alimentos reduz impacto do aumento da renda no Brasil, baixa escolaridade é o principal fator de risco para demência no país, a síndrome da mulher tarefeira. Começando a semana com o Zat!

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CRISE DEMOGRÁFICA

Dinheiro não faz bebês: governos falham em aumentar natalidade global

Os governos ao redor do mundo enfrentam uma batalha perdida até agora contra o declínio nas taxas de natalidade, mesmo após investimentos massivos em incentivos financeiros. O fenômeno, que especialistas da Fundação Robert Schuman chamam de "suicídio demográfico", ameaça desencadear uma crise econômica global.

Em Lestijärvi, segunda menor cidade da Finlândia, um programa que oferecia €1.000 anuais por 10 anos para mães de recém-nascidos fracassou após gastar mais de €400.000. A população local encolheu 20% desde o início da iniciativa.

O cenário se repete globalmente: a China oferece tratamentos de fertilidade gratuitos, Hungria concede isenções fiscais, Singapura distribui subsídios para pais e avós, e o Japão financia encontros via inteligência artificial.

Segundo Sarah Harper, diretora do Instituto Oxford de Envelhecimento Populacional, pesquisas indicam que a obrigação social das mulheres de terem filhos está desaparecendo. Heidi Colleran, acadêmica do Instituto Max Planck, aponta que não há consenso sobre as causas do declínio constante da fertilidade.

Projeções da ONU indicam que até 2100, apenas 12 países - 11 na África e Vanuatu - manterão taxas de fertilidade acima do nível de reposição populacional de 2,1 nascimentos por mulher.

A mudança demográfica ameaça o equilíbrio entre trabalhadores ativos e aposentados, pressionando sistemas previdenciários globalmente.

ALIMENTOS CAROS

Inflação dos alimentos reduz impacto do aumento da renda no Brasil

Apesar do crescimento da renda e do reajuste do salário mínimo, o alto preço dos alimentos segue comprometendo o poder de compra dos brasileiros. Um estudo da consultoria LCA, conduzido pelo economista Bruno Imaizumi, revela que um salário mínimo atualmente compra menos cestas básicas do que antes da pandemia.

A carestia dos alimentos tem vínculo com fatores externos, como mudanças climáticas e oscilações do dólar, agravadas por incertezas fiscais. Para Imaizumi, o governo deve reforçar o compromisso com a estabilidade econômica e investir em políticas para reduzir impactos climáticos na produção.

Com previsão de safra recorde em 2025, alguns alimentos podem subir menos, mas itens essenciais como carne e café seguirão pressionando o bolso. A expectativa é de que o poder de compra se mantenha estagnado nos próximos anos, reforçando o desafio para a economia brasileira.

SAÚDE PÚBLICA

Baixa escolaridade lidera fatores de risco para demência

Estudo inédito publicado na revista científica The Lancet revela que a baixa escolaridade supera fatores demográficos, como idade, no desenvolvimento do declínio cognitivo no Brasil. A pesquisa, que analisou dados de 41 mil pessoas na América Latina, traz importantes implicações para a saúde pública nacional.

O estudo revela uma divergência significativa em relação aos padrões observados nos EUA e Europa, onde a idade é o fator predominante. No Brasil, as condições sociais, especialmente a educação, demonstram maior influência no desenvolvimento da demência. Os números são alarmantes: o país registra 9,3 milhões de adultos e idosos analfabetos, com 54,7% dessa população concentrada na região Nordeste.

A pesquisa destaca o papel crucial da reserva cognitiva, desenvolvida até os 20 anos através de atividades que estimulam o raciocínio. Este "capital cerebral" pode retardar os sintomas da demência em até 10 anos. Pesquisadores da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) agora investigam se programas educacionais tardios, como a EJA (Educação de Jovens e Adultos), podem oferecer benefícios protetivos similares.

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CARREIRA

O que é a síndrome da mulher tarefeira?

Mulheres líderes frequentemente se veem sobrecarregadas com múltiplas responsabilidades, sem tempo para focar em estratégias que impulsionem suas carreiras. Esse fenômeno, conhecido como "síndrome da tarefeira", impacta profissionais de diferentes setores, resultando em esgotamento e falta de direcionamento.

No livro Quebre o Teto de Vidro, Karinna Bidermann Forlenza destaca que muitas mulheres acreditam que o trabalho duro, por si só, garantirá reconhecimento. No entanto, no topo da hierarquia, habilidades como pensamento estratégico e articulação política se tornam essenciais.

A mentora de carreiras Raquel Christoff alerta que sinais como dificuldade em delegar e pressão para atender expectativas externas são indicativos dessa síndrome. Rebecca Fischer, cofundadora da fintech Divibank, enfrentou o problema ao acumular funções e negligenciar sua saúde. Já Eduarda Camargo, da Portão 3, percebeu a necessidade de delegar e priorizar tarefas após enfrentar alta rotatividade e baixa produtividade em sua equipe.

Para lidar com essa sobrecarga, especialistas recomendam definir objetivos claros, aprender a delegar e entender que nem todas as tarefas são igualmente importantes. Sem essa mudança, o ciclo de exaustão pode se repetir ao longo da vida profissional.

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