Segunda, 3 de março.

Olhar para a história das rainhas de bateria nos ajuda a entender como valores comunitários e midiáticos disputam espaço em uma das mais importantes expressões da cultura brasileira. O que perdemos e ganhamos quando manifestações culturais populares encontram os holofotes da fama? Confira nesta edição.

E mais: “Ainda Estou Aqui” leva o Oscar de melhor filme internacional, Nova York tem 25% dos moradores sem acesso a itens essenciais, celular é a tela mais prejudicial ao desenvolvimento infantil, como sobreviver aos efeitos do microestresse no trabalho. Vamos nessa!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min40s

FENÔMENO CULTURAL

A mudança no perfil das rainhas de bateria no carnaval brasileiro

A transformação no perfil das rainhas de bateria das escolas de samba brasileiras revela uma mudança cultural significativa no carnaval nacional.

Surgido oficialmente em 1932, o carnaval das escolas não tinha inicialmente esse posto. As mulheres que dançavam na frente da bateria eram chamadas de "rumbeiras", depois "cabrochas", "mulatas" e, a partir dos anos 1960, "passistas".

O papel de rainha de bateria emergiu nos anos 1970 através de concursos internos que elegiam a melhor passista da comunidade. Nãnãna da Mangueira (sambista) tornou-se símbolo dessa primeira geração ao desfilar em 1972 como primeira rainha oficial.

A mudança começou em meados dos anos 1970, quando o carnavalesco Joãozinho Trinta convidou a dançarina Eloína dos Leopardos para a Beija-Flor, inaugurando a era de convidadas externas. Na década de 1980, celebridades como Adele Fátima (atriz), Monique Evans (modelo) e Luma de Oliveira (empresária) consolidaram a nova tendência.

Essa transição reflete um fenômeno mais amplo: a midiatização do carnaval. Enquanto o posto não conta pontos nos julgamentos oficiais em São Paulo e Rio de Janeiro, seu valor simbólico e comercial cresceu exponencialmente.

Algumas agremiações tradicionais como Mangueira (RJ) e Vai-Vai (SP) mantêm a tradição com rainhas vinculadas às suas comunidades. Segundo pesquisadores, esse movimento preserva o papel original das passistas como referências estéticas e culturais nas periferias, onde as escolas funcionavam como espaços de valorização da cultura negra, semelhantes aos quilombos históricos.

TAXA DE POBREZA

Nova York tem 25% dos moradores sem acesso a itens essenciais

Um relatório da Universidade de Columbia em parceria com a Robin Hood, organização antipobreza, revela que 25% dos residentes de Nova York não possuem recursos suficientes para necessidades básicas como moradia e alimentação.

De acordo com o estudo, a taxa de pobreza na cidade é quase o dobro da média nacional, tendo aumentado sete pontos percentuais em apenas dois anos. O fim dos auxílios governamentais expandidos durante a pandemia contribuiu significativamente para esse aumento.

Os dados mostram que 58% dos nova-iorquinos (mais de 4,8 milhões de pessoas) vivem em famílias com renda abaixo de 200% da linha de pobreza – aproximadamente US$ 94 mil para um casal com dois filhos. As taxas entre residentes negros, latinos e asiáticos são cerca de duas vezes maiores que entre brancos.

A governadora Kathy Hochul propôs redução de impostos e benefícios para famílias de baixa renda, enquanto o prefeito Eric Adams apresentou plano para eliminar impostos municipais para mais de 400 mil trabalhadores de menor renda.

ALERTA

Celular é a tela mais prejudicial ao desenvolvimento infantil

O uso de smartphones por crianças cresceu significativamente no Brasil. Dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) revelam que 36% das crianças de 6 a 8 anos já possuem aparelho próprio, contra 18% em 2015.

Especialistas alertam que o celular é a pior tela para os pequenos, superando televisão e computador em potencial nocivo. O aparelho exige maior esforço ocular, causando problemas como fadiga, olhos secos e miopia. Além disso, "o tempo demasiado conectado altera a socialização e o desenvolvimento infantil", explica Eduardo Custódio, neurologista da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Os impactos neurológicos incluem atrasos na fala, linguagem e desenvolvimento sensorial.

A SBP recomenda zero exposição até 2 anos e máximo de 1 hora diária entre 2 e 5 anos.

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BEM-ESTAR

Como sobreviver aos efeitos do microestresse no trabalho

Pequenas tensões diárias podem parecer inofensivas, mas, quando acumuladas, levam à exaustão. O chefe que muda prioridades o tempo todo, mensagens inesperadas durante reuniões e compromissos cancelados são exemplos de microestresses que se somam ao longo do dia. Porém, muitas vezes nem percebemos o impacto dessas pequenas doses de tensão.

Segundo os autores Rob Cross e Karen Dillon, que estudaram o fenômeno no livro O Efeito Microestresse, essas situações desgastam silenciosamente, pois o cérebro não as registra como eventos de estresse evidente, diferentemente de um burnout. No entanto, o corpo sente: ao final do dia, a fadiga se instala sem uma causa aparente.

Mas há formas de minimizar esses efeitos. Cross sugere identificar interações desgastantes e alterá-las sempre que possível, seja espaçando contatos ou mudando a dinâmica das conversas. Dillon reforça a importância da clareza no ambiente de trabalho: perguntar ao chefe sobre a real urgência de uma demanda pode evitar mudanças de prioridade desnecessárias.

Reduzir microestresses não significa eliminá-los completamente, mas pequenas mudanças no dia a dia já podem gerar um impacto positivo no bem-estar e na produtividade.

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