Sexta, 4 de julho.

Vivemos tempos em que a hiperexposição nas redes faz do “eu ideal” um produto. Desde os anos 1970, sinais de individualização se intensificam, criando personalidades moldadas. Hoje, a autopromoção é um ativo simbólico – e econômico. Mas vale lembrar: egoísmo sadio também existe. Confira nesta edição!

E mais: a fofoca como ferramenta contra a solidão masculina, a ilha que a arte transformou, o Brasil à frente do Mercosul e sugestões valiosas de podcast e filmes para o seu fds. Sextou!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min54s

SOCIEDADE DIGITAL

Por que o narcisismo se tornou um fenômeno cultural e econômico do nosso tempo

O termo narcisismo ultrapassou as discussões clínicas e passou a ocupar o centro dos debates sobre comportamento contemporâneo. Na definição da psicanálise, ele representa uma etapa importante da construção do amor-próprio, mas quando exagerado pode evoluir para padrões patológicos associados a baixa autoestima e necessidade constante de validação.

Estudos apontam que fatores como o avanço das redes sociais, a lógica de hiperexposição e o modelo de sucesso individual impulsionado pela cultura neoliberal têm reforçado tendências narcisistas. Segundo o psicanalista Christian Dunker, professor da Universidade de São Paulo, plataformas digitais funcionam como ambientes onde a autopromoção se torna um ativo simbólico e, muitas vezes, econômico.

O historiador Christopher Lasch, autor de A Cultura do Narcisismo, já observava desde 1979 sinais de um deslocamento coletivo em direção à individualização extrema, fenômeno intensificado na era dos influenciadores digitais e da economia da atenção.

Para o pesquisador André Alves, cofundador do instituto Floatvibes, essa dinâmica cria um “eu ideal anabolizado”, que se retroalimenta de curtidas e recompensas imediatas. Entretanto, psicanalistas destacam que nem todo comportamento centrado em si é negativo: o chamado “egoísmo sadio” pode funcionar como forma de autocuidado em sociedades que dificultam vínculos e expõem indivíduos à comparação constante.

Pesquisadores alertam que o excesso pode gerar isolamento emocional e perda da capacidade de aceitar diferenças, com efeitos que ultrapassam a vida pessoal e se estendem à esfera política.

FERRAMENTA DE CONEXÃO

Fofoca pode ser antídoto contra a solidão masculina

Pesquisas recentes mostram que, apesar do estigma, homens fofocam tanto quanto mulheres – mas de forma diferente. Estudo da Universidade da Califórnia, Riverside, aponta que eles praticam menos a fofoca neutra, que ajuda a criar repertório social e aprofundar vínculos. Outra pesquisa da Universidade do Mississippi revela que homens, especialmente os narcisistas, se sentem mais confortáveis em ser alvo de fofoca do que as mulheres.

Esse dado se conecta ao debate sobre a epidemia de solidão masculina, associada à dificuldade de construir relações íntimas. Especialistas indicam que o desprezo cultural pela fofoca — vista como coisa “de mulher” — limita habilidades sociais em muitos homens heterossexuais, aprofundando o isolamento.

A reabilitação da fofoca como ferramenta de conexão e intimidade surge, portanto, como uma possível resposta a um problema crescente de saúde mental global.

ARTE SALVA

Como Naoshima virou um caso de sucesso urbano-cultural no Japão

Antes marcada por poluição industrial e êxodo populacional, a ilha de Naoshima, no Mar de Seto, tornou-se referência internacional em revitalização cultural. A virada começou em 1989, com o projeto Benesse Art Site, criado por Sōichirō Fukutake, bilionário japonês do setor editorial, e executado com o arquiteto Tadao Andō, conhecido por integrar construções à natureza.

A ilha, que perdeu metade da população desde os anos 1980, passou a receber mais de 500 mil visitantes por ano, atraídos por museus como o Benesse House e o Chichu Museum, além de obras de artistas como Yayoi Kusama e Takashi Murakami.

Desde 2010, a Trienal de Setouchi, festival de arte contemporânea, reforça o turismo, movimentando a economia e incentivando novos moradores – cerca de 500 pessoas migraram para lá nos últimos cinco anos. Mesmo assim, o despovoamento ainda é desafio central.

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6 filmes para assistir com toda a família

Reunir a família no sofá, preparar a pipoca e compartilhar algumas horas juntos pode parecer algo simples, mas faz toda a diferença na rotina. Pensando nisso, fizemos uma seleção de filmes perfeitos para assistir em família. Seja para rir, se emocionar ou refletir, cada história é uma forma de aproximar gerações e criar lembranças especiais.

Entre opções marcantes, Sempre ao Seu Lado (Globoplay) retrata a lealdade comovente de um cão. Divertida Mente (Disney+) e sua sequência exploram as emoções de forma lúdica. O clássico A Noviça Rebelde (Disney+) encanta com música e coragem. Extraordinário (Prime Video) emociona ao mostrar superação e empatia. Matilda (Max) diverte com fantasia e travessuras. Já O Auto da Compadecida 2 (Prime Video) resgata personagens queridos com humor e cultura brasileira.

Ao final de cada sessão, vale reservar alguns minutos para conversar sobre as mensagens, ouvir o que as crianças sentiram e perceber como as histórias podem ensinar sobre o mundo e sobre nós mesmos.

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