Segunda, 4 de agosto.

Intérpretes e tradutores, redatores, revisores, atendentes, agentes de viagens, cientistas políticos, comissários, matemáticos, consultores financeiros pessoais, locutores… O que essas profissões têm em comum? Serão (já estão sendo) muito impactadas pela inteligência artificial, que está transformando o mercado com velocidade e profundidade. Veja nesta edição.

E mais: o drama silencioso dos idosos e cuidadores no Japão, por que a Geração Z está obcecada pelo “tratamento de princesa”, cinco passos para deixar costumes prejudiciais para trás. Começando a semana com o Zat!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min52s

FUTURO E TECNOLOGIA

As 40 profissões mais impactadas pela inteligência artificial, segundo a Microsoft

Um novo estudo da Microsoft mapeou as profissões mais e menos suscetíveis à transformação pela inteligência artificial. A pesquisa, baseada em 200 mil interações com o Copilot, analisou quais tarefas são mais solicitadas à IA e quais profissões podem ter parte significativa de suas funções automatizadas.

As áreas mais impactadas são aquelas que envolvem linguagem, computação, matemática, comunicação e tarefas repetitivas com informações. Intérpretes, tradutores, jornalistas, redatores, professores universitários e cientistas de dados aparecem no topo da lista de profissões com alto “índice de aplicabilidade da IA”. Isso significa que grande parte de suas tarefas pode ser realizada com apoio da tecnologia.

Em contraste, trabalhos manuais ou físicos tendem a ser menos afetados. Operadores de máquinas, enfermeiros auxiliares, faxineiros, trabalhadores da construção e técnicos de manutenção aparecem entre os menos impactados.

Apesar do avanço tecnológico, a Microsoft ressalta que a IA deve atuar como aliada, e não substituta. O estudo indica que, na maioria das profissões, a IA melhora a produtividade e a qualidade, mas não elimina a necessidade de trabalhadores humanos.

Essa visão contrasta com previsões mais apocalípticas feitas por Bill Gates, que já sugeriu que o trabalho, como conhecemos, pode se tornar obsoleto para muitos. Na prática, o estudo da própria Microsoft sugere um futuro de colaboração entre humanos e máquinas, com ênfase em adaptação e requalificação, e não em substituição em massa.

Segundo a ONU, quase metade dos empregos no mundo pode ser afetada por ferramentas de IA generativa. O recado é claro: será preciso se adaptar — e, em muitos casos, se requalificar — para conviver com as transformações já em curso.

CARE KILLING

O drama silencioso dos idosos e cuidadores no Japão

O Japão, que enfrenta o maior índice de envelhecimento populacional do mundo, convive com uma estatística alarmante: a cada oito dias, um idoso é morto pelo próprio cuidador, fenômeno conhecido como care killing. Segundo estudo da Universidade Nihon Fukushi, entre 2011 e 2021, ocorreram 443 mortes associadas à exaustão de familiares.

O número de pessoas com 65 anos ou mais chegou a 36,2 milhões, equivalente a 29,3% da população. Quase 30% dos cuidadores têm mais de 70 anos e lidam com depressão, demência e isolamento. Em 2024, 76.020 idosos morreram sozinhos, e parte dos corpos foi localizada apenas um mês depois.

Para mitigar o déficit de profissionais — projetado em 590 mil até 2040 — o governo japonês tem ampliado a entrada de imigrantes, como brasileiros que atuam em lares e instituições.

TENDÊNCIA DE RELACIONAMENTO

Por que a Geração Z está obcecada pelo “tratamento de princesa”

Café na cama, flores semanais, portas abertas e manicure paga. Essa é a essência do chamado “tratamento de princesa”, tendência de relacionamento que viralizou entre jovens da geração Z nas redes sociais. Inspirado pelo romantismo de séries como Bridgerton e A Idade Dourada, o fenômeno mistura fantasia, cavalheirismo e, para alguns críticos, um retorno disfarçado a papéis de gênero tradicionais.

Influenciadoras como Courtney Palmer, que se descreve como “princesa dona de casa”, acumulam milhões de visualizações ao mostrar suas expectativas de namoro baseadas em gestos de devoção. O debate se intensifica: é empoderador exigir mais cuidado e “adoração” ou uma regressão com filtro vintage?

Alguns especialistas veem o fenômeno como parte de uma nostalgia mais ampla por “tempos mais simples”. A historiadora Arianne Chernock observa que a figura da princesa sempre simbolizou tanto força quanto passividade — uma ambiguidade que atrai. “Quando meninas brincam de princesa, elas estão buscando permissão para comandar”, afirma.

Seja uma resposta à superficialidade dos relacionamentos modernos ou um escapismo romântico, o tratamento de princesa diz muito sobre como jovens mulheres estão renegociando romance, poder e desejo em tempos digitais.

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BONS HÁBITOS

Cinco passos para deixar costumes prejudiciais para trás

Especialistas em comportamento apontam que abandonar um hábito ruim exige estratégia e persistência.

A psicóloga Roberta Pohl, especialista em ciências do comportamento, destaca que é fundamental reconhecer os pontos positivos e negativos do costume, já que ele se mantém por oferecer algum ganho imediato, como descanso extra ao acordar tarde.

Segundo Martha Hübner, professora do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), criar uma rotina organizada, com registros e monitoramento, pode facilitar a mudança. Substituir o hábito nocivo por atividades prazerosas ou produtivas ajuda a evitar recaídas, enquanto incentivos positivos, como ouvir música ou conversar com amigos após cumprir a nova rotina, fortalecem a motivação.

Por fim, especialistas alertam que a transformação não deve ter um prazo definido: a repetição constante, a longo prazo, é o que garante a incorporação de novos comportamentos no dia a dia.

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