Terça, 5 de agosto.

Dobrar a malha de metrô. Quadruplicar os BRTs e VLTs. Investir R$ 500 bilhões em 30 anos. Um estudo do BNDES revela a dimensão do desafio para a mobilidade urbana nas próximas décadas. Com 194 projetos mapeados, o Brasil precisa enfrentar gargalos históricos, queda no número de passageiros e a competição com transportes individuais. Confira nesta edição.

E mais: erro de cálculo tira liderança da Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, no mercado da perda de peso, por que tantas pessoas estão trocando férias relaxantes por provas de resistência, por que você não é tão egoísta quanto pensa. Vamos nessa!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min52s

TRANSPORTE URBANO

Brasil precisa dobrar metrôs e quadruplicar BRTs, diz BNDES

Um estudo do BNDES indica que o Brasil precisa dobrar sua malha de metrô e quadruplicar os sistemas de BRT, VLT e monotrilho até 2054. O levantamento mapeou 194 projetos de transporte coletivo de média e alta capacidade, como parte de um plano que prevê até R$ 500 bilhões em investimentos.

Atualmente, o país tem 376 km de metrô e 631 km de corredores como BRT e VLT. O BRT (Bus Rapid Transit) é um sistema de ônibus que circula em faixas exclusivas, oferecendo rapidez e eficiência comparável a um metrô, porém com custo menor. O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) é um transporte sobre trilhos, mais leve e flexível que o trem tradicional, ideal para trajetos urbanos.

A proposta é adicionar 323 km de metrô e expandir os modais sobre pneus e trilhos leves para 2.500 km. Segundo Felipe Borim, do BNDES, o BRT custa cerca de R$ 50 milhões por km, contra até R$ 1 bilhão no caso do metrô. “O custo é um fator-chave na priorização dos projetos”, afirmou.

A queda de 43% no uso do transporte público entre 2014 e 2023 é outro desafio. A pandemia acelerou essa tendência, impulsionando o uso de carros e motos por aplicativo. Especialistas destacam que reverter esse quadro exigirá investimentos de longo prazo, integração tarifária e políticas de desestímulo ao carro.

Se bem implementado, o plano pode multiplicar em até cinco vezes o número de passageiros atendidos, como no caso de Fortaleza. São Paulo, por exemplo, poderia atender 15 milhões de pessoas por dia, frente aos atuais 8,9 milhões.

OZEMPIC E WEGOVY

Erro de cálculo tira liderança da Novo Nordisk no mercado da perda de peso

Após liderar a revolução dos remédios para emagrecimento com Ozempic e Wegovy, a Novo Nordisk perdeu terreno para a americana Eli Lilly. A rival lançou Mounjaro e Zepbound, considerados mais eficazes e com menos efeitos colaterais. A Novo também enfrentou dificuldades para atender à explosiva demanda, abrindo espaço para concorrentes e versões genéricas.

A empresa demorou a adaptar sua estratégia comercial a um mercado onde celebridades e influenciadores são mais persuasivos que médicos. Enquanto a Lilly investia em vendas diretas ao consumidor com o programa LillyDirect, a Novo só reagiu em março com o NovoCare.

A queda nas ações foi agravada por um ensaio clínico decepcionante do novo remédio CagriSema e pela saída do CEO Lars Fruergaard. O novo líder, Maziar Doustdar, promete foco no consumidor e expansão global.

Ainda assim, analistas veem espaço para recuperação. “É um mercado com mais de 1 bilhão de pacientes”, disse Doustdar. Mas a pressão cresce: a pílula da Lilly, prevista para 2026, pode transformar o setor. No Brasil, por sua vez, a nacional EMS estreia neste mercado bilionário, com canetas chegando às farmácias com dose a partir de R$ 307.

TENDÊNCIA DE TURISMO

Por que tantas pessoas estão trocando férias relaxantes por provas de resistência?

Cada vez mais pessoas estão trocando o descanso à beira-mar por desafios físicos extremos em destinos deslumbrantes. Em vez de relaxar, correm maratonas, nadam em mar aberto ou cruzam o Círculo Polar Ártico esquiando.

Para muitos, o apelo está na transformação pessoal. “Foi assustador, mas terminei forte, calma e eufórica”, conta Alison King, 56, que participou de uma prova de quatro dias com nadadores de dezenas de países após décadas dedicadas à maternidade. “Não foi só uma viagem. Foi um recomeço.”

Esse tipo de turismo tem crescido rapidamente e movimenta a economia local, ao atrair viajantes conectados à natureza e dispostos a sair da zona de conforto. Segundo a psicóloga Paula Reid, há uma explicação biológica: “Fomos feitos para o esforço. O desafio nos faz crescer.”

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COMPORTAMENTO

Por que você não é tão egoísta quanto pensa

Vivemos numa era que valoriza o individualismo. Mas será que somos realmente tão egoístas assim? Pesquisas recentes dizem que não.

Estudo com gravações de ataques violentos em vários países mostrou que, em 90% dos casos, alguém tentou ajudar. A psicologia evolutiva também oferece pistas: vivemos por milênios em grupos cooperativos, onde o altruísmo era essencial para a sobrevivência. Crianças muito pequenas, antes de entenderem recompensas, já demonstram comportamentos de ajuda espontânea.

E isso nos faz bem: voluntários apresentam melhor saúde física e mental. Até exames cerebrais revelam que pessoas altamente altruístas reagem mais às emoções dos outros.

A maioria de nós não é um herói constante, nem um egoísta inveterado. Somos “moralmente medianos”, como diz o filósofo Tony Milligan — e tudo bem. Altruísmo é uma habilidade que se desenvolve, aos poucos, junto com autoconhecimento.

Cuidar de si e ajudar os outros não são opostos. São parte do mesmo instinto: o de manter o grupo — e a si mesmo — vivos.

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