Sexta, 12 de setembro.

A inteligência artificial já é capaz de descrever imagens e até sugerir onde e quando foram feitas. Mas um novo estudo mostra que, na hora de checar a veracidade de fotos, os modelos ainda falham muito — e muitas vezes inventando respostas plausíveis, mas erradas. Confira nesta edição.

E mais: por que o sagrado voltou ao radar da geração mais conectada da história, o que é o movimento “Let Them”, filmes e séries que marcaram estilos de décadas. Sextou com o Zat!

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Por que o sagrado voltou ao radar da geração mais conectada da história

Para o sociólogo francês Michel Maffesoli, professor emérito da Universidade de Sorbonne (França) e autor de Nostalgia do Sagrado (PucPress), está em curso um retorno ao sagrado entre os jovens, impulsionado por uma crescente insatisfação com o racionalismo moderno. A nova espiritualidade, segundo ele, não se limita às religiões tradicionais, mas se manifesta em práticas como astrologia, ioga, candomblé, meditação e expressões artísticas e afetivas.

Maffesoli argumenta que, após cerca de três séculos de secularização, há uma saturação do pensamento puramente racional, especialmente entre as novas gerações na Europa. Ele propõe o conceito de “razão sensível”, em que o conhecimento incorpora emoções e sentidos, em vez de se basear apenas na lógica e na objetividade.

A internet desempenha um papel central nesse processo ao dar visibilidade e conexão a grupos com interesses espirituais difusos, inclusive fora de estruturas religiosas formais. O sociólogo vê, porém, uma dissonância: as elites acadêmicas e políticas, segundo ele, permanecem ancoradas nos valores do século XIX, o que gera descompasso com a base social.

No Brasil, Maffesoli observa fenômeno semelhante: práticas religiosas não tradicionais ganham espaço, enquanto o interesse por temas como imaginário coletivo e transcendência cotidiana cresce entre jovens pesquisadores. Para ele, trata-se de uma reconfiguração cultural global, não de um modismo local.

LIMITAÇÃO ROBÓTICA

Por que modelos de IA ainda não conseguem verificar fotos

Os mais recentes modelos de linguagem, como o GPT-5, prometem interpretar imagens e gerar insights sobre seu conteúdo. Porém, pesquisas mostram que, quando o assunto é checar se uma foto é verdadeira, eles ainda falham muito.

O Tow Center for Digital Journalism testou sete LLMs (“Large Language Models”, ou modelos de linguagem de grande porte) com dez imagens de fotojornalistas sobre eventos frequentemente alvo de desinformação. Apenas 14 das 280 respostas identificaram corretamente local, data e fotógrafo. Mesmo os melhores modelos acertaram pouco mais de um quarto dos casos.

Apesar das limitações, especialistas afirmam que LLMs podem ser úteis como ponto de partida para fact-checkers, ajudando a identificar pistas visuais que seriam difíceis de notar rapidamente. Para o público em geral, porém, confiar cegamente nesses sistemas é arriscado. Como alerta o pesquisador Mike Caulfield: “Se você não tem experiência, não sabe quando a IA está sendo precisa ou apenas inventando”.

COMPORTAMENTO

Conheça o movimento “Let Them”, que propõe abrir mão do controle sobre o incontrolável

Poucas situações incomodam tanto quanto ficar de fora de planos ou lidar com compromissos desmarcados. Daí o sucesso da teoria Let Them, criada pela norte-americana Mel Robbins e viralizada nas redes sociais. A proposta cabe em três palavrinhas: “deixa pra lá”.

Segundo Mel, o movimento se apoia em duas etapas. Primeiro, reconhecer que não é possível controlar o comportamento alheio — e, portanto, deixar ir situações que fogem do nosso alcance. Depois, assumir o “deixa comigo”: concentrar energia no que depende de nós, como reações, escolhas e limites.

Apresentada em 2023 no Instagram, a teoria alcançou milhões de visualizações e virou livro, best-seller do The New York Times. No Brasil, atraiu admiradores como Giovanna Antonelli, que elogia a simplicidade da proposta.

Não deixa de chamar atenção que uma ideia tão antiga — presente no estoicismo, em ensinamentos budistas e até em ditados populares — tenha se tornado novidade no feed. A forma enxuta e instagramável de dizê-lo talvez seja o segredo desse sucesso. No fim, a mensagem é simples: se não há solução, talvez o melhor seja mesmo soltar.

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MODA E CINEMA

Filmes e séries que marcaram estilos de décadas

Assistir a filmes e séries pode ser mais do que entretenimento: é também uma forma deliciosa de estudar moda. Cada figurino carrega sinais de sua época — cortes, tecidos, proporções e até pequenos detalhes contam histórias sobre como as pessoas viviam e se expressavam. Mas não é só a roupa: a arquitetura, os objetos de cena e o design também ajudam a compor a atmosfera. A seguir, uma seleção de obras que permitem mergulhar na estética de cada década.

Anos 1910
Titanic (1997) – Disney+: vestidos luxuosos e chapéus elaborados aparecem em meio a interiores que recriam o esplendor do navio, com sua escadaria monumental em carvalho esculpido e lustres de cristal.

Anos 1920
O Grande Gatsby (2013) – Max: franjas e pérolas se misturam à estética art déco, presente não só nas roupas, mas também nas linhas geométricas dos cenários e nas mansões repletas de vitrais e metais brilhantes.

Anos 1950
Grease (1978) – Netflix: jaquetas de couro e saias rodadas convivem com diners coloridos, letreiros luminosos e carros conversíveis cromados, símbolos da cultura de consumo em expansão.

Anos 2000
O Diabo Veste Prada (2006) – Prime Video: alfaiataria fashion em contraste com a arquitetura fria dos arranha-céus de Manhattan e os interiores minimalistas das redações de revistas de moda.

Anos 2020
Euphoria (série) – Max: a moda da Gen Z aparece ao lado de quartos coloridos com luz de LED, festas que lembram instalações de arte e uma estética que mistura o digital ao hiperreal.

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