Quinta, 12 de junho.

O jogador Endrick e a então namorada assinaram um contrato de namoro com cláusulas como dizer “eu te amo” e frequência de encontros. Exagero? Talvez. Porém, o documento, quando bem feito, pode evitar disputas patrimoniais ao diferenciar namoro de união estável. Saiba quando e como usá-lo.

E mais: conheça a nova aposta literária do Brasil, uso de cannabis cresce entre idosos, a filosofia do deslumbramento em tempos de produtividade excessiva. Vem com o Zat!

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AMOR LEGAL

Contrato de namoro cresce como forma de proteger patrimônio

Cada vez mais casais têm recorrido ao chamado contrato de namoro para evitar que a relação seja confundida com união estável — que, do ponto de vista legal, pode ter efeitos semelhantes ao casamento, especialmente na divisão de bens. O objetivo do documento é declarar que o vínculo entre as partes é apenas afetivo e não tem o intuito de formar família, como exige a união estável.

Esse tipo de contrato pode ser feito de forma privada, com reconhecimento de firma, ou registrado em cartório para maior segurança jurídica. Especialistas recomendam que ele seja renovado periodicamente, como a cada seis meses ou a cada ano, para demonstrar que a natureza do relacionamento permanece a mesma.

Advogados alertam para a necessidade de evitar cláusulas abusivas, como obrigações sexuais, regras de vestimenta ou comportamentos públicos. Qualquer tentativa de controlar ou submeter uma das partes pode tornar o documento inválido. A Justiça analisa não apenas o conteúdo do contrato, mas também se ele reflete a realidade da relação.

O crescimento desses acordos reflete um cenário em que os casais discutem abertamente questões patrimoniais. Eles são comuns tanto entre jovens que não querem casar quanto entre pessoas mais velhas, com filhos ou histórico de divórcios.

Embora a união estável não exija um contrato formal, ela pode ser reconhecida com base em indícios, como morar junto ou dividir despesas. Por isso, deixar claro que se trata de um namoro pode evitar disputas e proteger o patrimônio de ambas as partes.

ENVELHECIMENTO & CANNABIS

Uso de cannabis cresce entre idosos, mas riscos à saúde também aumentam

O uso de cannabis por adultos com mais de 65 anos nos EUA aumentou de 4,8% em 2021 para 7% em 2023, segundo estudo publicado na JAMA (Journal of the American Medical Association, uma das principais revistas científicas de medicina do mundo). Em 2005, eram menos de 1%. A combinação entre legalização estadual, marketing direcionado e redução na percepção de risco ajuda a explicar o crescimento, com muitos idosos buscando a substância para dores crônicas, insônia ou ansiedade, apesar da eficácia ainda ser incerta.

Pesquisas recentes mostram alta de internações e atendimentos de emergência relacionados ao uso entre idosos. No estado da Califórnia, as visitas ao pronto-socorro por esse motivo saltaram de 21 para 395 por 100 mil entre 2005 e 2019. Estudos canadenses apontam maior risco de demência em usuários com histórico de internações ligadas à cannabis.

Médicos alertam: o corpo e o cérebro envelhecido reagem de forma distinta a substâncias psicoativas, e a cannabis atual é muito mais potente do que a consumida décadas atrás.

TENDÊNCIA EDITORIAL

Pequenas cidades, grandes paixões: conheça a nova aposta literária do Brasil  

Com origens no mercado norte-americano, os Small Town Romances — romances ambientados em cidades pequenas — vêm ganhando espaço nas livrarias brasileiras.

O gênero, parte do romance contemporâneo, apresenta histórias com temas universais como recomeço, pertencimento e relações comunitárias, geralmente em cenários interioranos.

Títulos como Sem Defeitos, da canadense Elsie Silver, e Parte do Seu Mundo, da norte-americana Abby Jimenez, têm liderado listas de vendas em editoras como a Arqueiro (selo do Grupo Sextante) e a Intrínseca. Para Frini Georgakopoulos, editora da Arqueiro, o apelo do gênero cresceu no pós-pandemia, impulsionado pelo desejo de conforto emocional e narrativas de escapismo.

Apesar da estética acolhedora, muitas obras incluem cenas adultas, o que desafia rótulos simplistas e amplia o público leitor interessado em histórias afetivas com camadas mais realistas.

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TUDO PRECISA SER ÚTIL?

A filosofia do deslumbramento em tempos de produtividade excessiva

Vivemos em uma era em que tudo parece precisar de uma utilidade imediata — até nossos hobbies. Mas, para a filósofa belga Helen de Cruz, esse modo de pensar sufoca algo essencial: a capacidade de se deslumbrar.

Inspirada em Descartes, que considerava a admiração como a primeira das paixões humanas, Cruz argumenta que o deslumbramento é uma emoção singular justamente por não exigir utilidade. Ele acontece quando nos deparamos com o desconhecido — como um céu estrelado, um microscópio revelando um grão de areia ou uma flor nascendo no concreto.

Em seu livro Wonderstruck, Cruz mostra como o assombro impulsiona tanto a arte quanto a ciência, da filosofia de Platão às descobertas de Robert Hooke. E alerta: a obsessão por produtividade — junto à poluição luminosa e à falta de tempo — está nos afastando dessa emoção vital.

Seu conselho? Reserve espaço para o inesperado. Observe as estrelas, admire uma árvore florida, se perca em um bom livro ou simplesmente pare para sentir o cheiro de uma rosa. “Sem um pouco de magia, a vida é monótona”, diz a filósofa. E o mundo ainda está cheio de maravilhas, se nos permitirmos vê-las.

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