Quarta, 16 de abril.

Quem são aqueles que estão no topo do mundo? Um novo estudo revela como as elites econômicas se formam, se perpetuam e se transformam em 16 países que juntos concentram mais da metade da economia mundial. De herdeiros italianos a tecnocratas chineses, passando por Harvard, Oxford e o centro de Paris, o retrato é tão diverso quanto revelador. Confira nesta edição.

E mais: influenciadores chineses driblam tarifas dos EUA e expõem bastidores de marcas, o que é orbiting e outros termos dos relacionamentos contemporâneos, os benefícios de jogar conversa fora. Vamos nessa!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min50s

GUERRA COMERCIAL

Influenciadores chineses driblam tarifas dos EUA e expõem bastidores de marcas

Uma onda de vídeos no TikTok mostra influenciadores chineses promovendo compras diretas de fábricas na China para consumidores americanos, numa resposta às tarifas impostas pelo governo Trump.

Nas gravações, muitos se apresentam dentro de fábricas que afirmam produzir itens para grandes marcas como Nike e Lululemon, revelando preços muito abaixo dos praticados nos EUA. Um exemplo é a criadora @LunaSourcingChina, que afirma que leggings vendidas a mais de US$ 100 no varejo americano são produzidas por apenas US$ 5 a US$ 6.

Os vídeos, que acumulam milhões de visualizações, criticam as políticas comerciais dos EUA e tentam mostrar que os consumidores podem economizar ao comprar diretamente da “fábrica do mundo”. Alguns ainda fazem acusações mais duras, alegando que o governo americano enfraqueceu sua própria classe trabalhadora ao transferir produção para o exterior.

Mesmo que novas regras nos EUA eliminem brechas para importações isentas de impostos a partir de maio, os conteúdos viralizaram e reacenderam o debate sobre o impacto real das tarifas. O movimento revela a habilidade dos criadores chineses de influenciar o público americano e levanta dúvidas sobre acordos de confidencialidade com marcas internacionais e o futuro das relações comerciais.

PADRÕES E CONTRASTES

Estudo revela quem são as elites que dominam o mundo

Um estudo baseado no novo Banco de Dados Mundial da Elite (WED na sigla em inglês) analisou 16 países que representam 54% do PIB global para entender quem compõe a elite econômica — um grupo formado por políticos influentes, donos de grandes ativos e CEOs de grandes empresas.

Apesar das variações culturais, há padrões: em geral, são homens com formação avançada, especialmente em áreas como economia, direito e administração. Mas há peculiaridades. Nos EUA, a elite é mais velha (em média, 62 anos) e fortemente ligada ao setor financeiro. Já na China, muitos líderes têm origem rural e formação técnica em engenharia e tecnologia de ponta.

A permanência no topo costuma ser hereditária. Em países como a França, elites se concentram cada vez mais em regiões centrais, como Paris, dificultando a ascensão de outsiders. E, embora algumas universidades tentem se abrir à diversidade, outras, como Harvard, ainda favorecem estudantes ligados por laços familiares e financeiros à instituição.

RELACIONAMENTOS MODERNOS

Novos nomes para velhos dilemas

Entre as gerações mais jovens, novas palavras e expressões ganharam força para explicar as dinâmicas afetivas atuais – muitas vezes marcadas pelo imediatismo, vínculos mais fluidos e ausência de compromisso tradicional.

O vocabulário em expansão reflete mudanças profundas nas expectativas amorosas. Termos como agamia (recusa de vínculos românticos), orbiting (sumir, mas continuar vigiando), ou responsabilidade afetiva (agir com empatia e consideração) ajudam a nomear sentimentos antes ignorados ou normalizados. Especialistas apontam a tecnologia como motor dessas transformações: muitas relações se iniciam e acabam com rapidez, sem tempo para conexões profundas.

Essa nova linguagem reflete uma busca por relações mais conscientes, mas também expõe desafios. O love bombing — excesso de atenção seguido de afastamento — e o gaslighting — manipulação que faz a pessoa duvidar da própria percepção — mostram como alguns padrões envolvem manipulação, seja consciente ou não. Identificá-los é essencial para construir vínculos mais claros e respeitosos, mesmo em tempos de afetos mais livres.

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O QUE MAIS

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NO CAFÉ, NO METRÔ…

Por que é importante jogar conversa fora com desconhecidos

No livro The Power of Strangers, o jornalista Joe Keohane mostra como conversas casuais com desconhecidos — no metrô, numa festa ou na fila do café — podem melhorar o bem-estar, reduzir a polarização e fortalecer laços sociais.

Segundo ele, a sociedade moderna sofre uma crise de confiança, alimentada pelo isolamento digital e pela ideia de que o “outro” é perigoso. Estudos citados na obra indicam que interações com estranhos aumentam a empatia e a sensação de pertencimento.

Países como Reino Unido já reconhecem os danos da solidão em nível público, com políticas dedicadas ao tema. Para Keohane, retomar o hábito de conversar fora das redes é essencial para enfrentar desigualdades, extremismos e doenças mentais ligadas ao isolamento.

Conversar com quem pensamos ser muito diferente pode ser o primeiro passo para uma convivência mais saudável — mesmo que a conversa comece com um simples “oi”.

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