Segunda, 17 de março.

Nos últimos anos, grandes empresas adotaram políticas de diversidade como compromisso social e estratégico. Agora, um movimento crescente nos EUA está revertendo essa tendência, com marcas de peso revisando ou eliminando programas de diversidade e inclusão. Mas o que essa guinada significa para o mercado? Confira nesta edição.

E mais: apenas sete países atingem padrões de qualidade do ar da OMS, sociedade médica acusa fabricante do Ozempic de omitir informações cruciais, quantas risadas em média um bebê e um adulto dão por dia. Começando a semana com o Zat!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min46s

MUNDO CORPORATIVO

Meritocracia pura é possível em empresas globais?

Em meio ao debate político crescente, grandes corporações globais estão abandonando programas de diversidade para adotar um discurso centrado em promoções baseadas exclusivamente no mérito, mas especialistas apontam que a realidade é mais complexa.

Segundo reportagem do Financial Times (FT), empresas como ExxonMobil, Boston Consulting Group e Accenture têm enfatizado publicamente seu compromisso com a meritocracia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defender o fim de políticas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão).

Outras gigantes como Victoria’s Secret, Disney e McDonald's abandonaram iniciativas DEI nos EUA, em meio à pressão política e temores de processos judiciais.

"A suposta contradição entre diversidade e meritocracia foi cristalizada no ano passado por Alexandr Wang, fundador da startup de inteligência artificial Scale, que cunhou o termo 'MEI: mérito, excelência e inteligência', explicando que significa contratar 'apenas a melhor pessoa para o trabalho'", relata o FT.

Porém, pesquisas conduzidas pelo MIT Sloan (Massachusetts Institute of Technology) identificaram o "paradoxo da meritocracia": quando líderes promovem explicitamente valores meritocráticos na organização, gerentes tendem a favorecer funcionários do sexo masculino em detrimento de funcionárias com desempenho idêntico. Ou seja, ao tentar eliminar vieses, algumas empresas acabam os reforçando sem perceber.

"As empresas que eliminam políticas de diversidade arriscam reforçar os mesmos vieses inconscientes que tornaram o DEI necessário", alerta Daniela Lup, professora de comportamento organizacional da ESCP Business School.

Especialistas recomendam que organizações que buscam verdadeira meritocracia estabeleçam critérios objetivos para contratações, tornem a progressão na carreira mais transparente e implementem avaliações de desempenho com objetivos claros, em vez de depender de patrocínio informal e favoritismo.

SAÚDE EM RISCO

Apenas sete países atingiram padrões de qualidade do ar da OMS em 2024

Somente sete nações - Austrália, Nova Zelândia, Bahamas, Barbados, Granada, Estônia e Islândia - cumpriram os padrões de qualidade do ar estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2024, segundo dados divulgados pela IQAir (empresa suíça de monitoramento atmosférico).

Chade e Bangladesh lideram o ranking de países mais poluídos, com níveis de poluição 15 vezes superiores às diretrizes da OMS. Índia, quinta colocada no ranking, abriga 12 das 20 cidades mais poluídas do planeta, com Byrnihat registrando concentração média de PM2.5 (partículas finas inaláveis) de 128 microgramas por metro cúbico.

Poluição é um problema de saúde pública no Brasil também: um relatório alarmante elaborado pelo Health Effects Institute em parceria com o UNICEF, e divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), revela que aproximadamente 465 crianças menores de cinco anos morrem todos os dias no Brasil devido a doenças potencialmente causadas ou agravadas pela poluição atmosférica.

CASO JUDICIAL

Sociedade médica acusa fabricante do Ozempic de omitir informações cruciais

A Sociedade Brasileira de Medicina da Obesidade (Sbemo), entidade que certifica médicos na área de obesidade, moveu ação judicial contra a Novo Nordisk, laboratório dinamarquês fabricante do Ozempic, medicamento usado para tratar diabetes e obesidade.

A disputa, que tramita desde fevereiro no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), acusa o laboratório de omitir "informações de segurança cruciais" nas bulas de seus medicamentos, incluindo Saxenda, Victoza, Wegovy e Rybelsus, embora o processo não especifique quais seriam estas informações omitidas.

A controvérsia ocorre em momento de expansão no mercado farmacêutico de emagrecimento, com a recente autorização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de dois medicamentos similares produzidos pela farmacêutica EMS.

A Novo Nordisk defendeu-se afirmando que "segue os padrões estabelecidos pela Anvisa" e reforçou seu "compromisso com a segurança dos pacientes". A agência reguladora decidirá em breve sobre possível endurecimento das regras para este tipo de medicamento.

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TRABALHO

Liderança tóxica: como identificar e combater?

A liderança tóxica corrói o ambiente organizacional, prejudica o desempenho das equipes e afasta talentos. Ela se caracteriza por controle excessivo, manipulação, falta de empatia e abuso de poder, manifestando-se em críticas destrutivas, favoritismo e comunicação agressiva.

Muitas vezes, líderes tóxicos não agem por malícia, mas por despreparo para lidar com desafios e relações interpessoais. Independentemente da causa, os impactos são negativos, levando à baixa produtividade, aumento do rotatividade e insatisfação generalizada.

Os sinais desse problema incluem equipes desmotivadas, medo de represálias, falta de colaboração e ambiente dominado por insegurança. Pesquisas identificam cinco categorias principais de toxicidade no trabalho: desrespeito, exclusão, falta de ética, crueldade e abuso. Setores de alta pressão, como vendas e atendimento ao cliente, são especialmente propensos a esse tipo de liderança.

Para evitar lideranças nocivas, é essencial uma seleção criteriosa, priorizando líderes que promovam respeito, transparência e colaboração, garantindo um ambiente saudável e produtivo.

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