Terça, 17 de junho.

Embora a maioria das interações com a IA seja inofensiva, ela pode agir de forma enganosa e até perigosa com pessoas em estados emocionais fragilizados. A OpenAI reconheceu que o ChatGPT pode parecer mais pessoal do que tecnologias anteriores e afirmou estar trabalhando para mitigar os riscos. Saiba mais nesta edição.

E mais: como remédios para emagrecer estão mudando até quem não usa, casais desistem de ter mais filhos por causa do custo de vida, a armadilha de querer agradar demais. Vem com o Zat!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min56s

EFEITO OZEMPIC

Como remédios para emagrecer estão mudando até quem não usa

O uso crescente de medicamentos para emagrecimento, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro — produzidos pela dinamarquesa Novo Nordisk e pela americana Eli Lilly — tem reforçado uma realidade que estudos já apontavam: a obesidade não é apenas uma condição individual, mas uma questão que impacta toda a dinâmica familiar e social.

Nos Estados Unidos, 1 em cada 8 adultos já utilizou algum remédio da classe dos agonistas de GLP-1, que imitam a ação de um hormônio natural responsável por regular o apetite e os níveis de glicose no sangue. Embora desenvolvidos para tratar diabetes tipo 2, essa categoria de medicamentos se popularizou pela eficácia no controle de peso.

Estudos apontam que parceiros e familiares de usuários adotam, de forma espontânea, hábitos alimentares mais saudáveis, se tornam mais ativos fisicamente e, em muitos casos, também perdem peso. Pesquisa da Associação de Medicina da Obesidade dos EUA mostra que dois terços dos cônjuges de pacientes bariátricos também emagrecem.

O fenômeno, apelidado de “Família Ozempic”, tem reflexos tanto positivos quanto desafiadores. Especialistas alertam para o risco de crianças associarem o emagrecimento à restrição extrema, além das tensões em casais cuja rotina girava em torno da alimentação.

Dados também mostram que pessoas que fazem cirurgia bariátrica são mais propensas ao divórcio do que a população geral. Por outro lado, pacientes solteiros que passam pela operação têm mais que o dobro de chance de iniciar um novo relacionamento comparado a pessoas com obesidade que não fazem a cirurgia.

Os impactos desse mercado, que já movimenta bilhões de dólares globalmente, vão além da saúde e começam a moldar também relações familiares, emocionais e dinâmicas sociais.

FERTILIDADE EM CRISE

Casais desistem de ter mais filhos por causa do custo de vida

Segundo pesquisa do UNFPA, órgão da ONU para saúde reprodutiva, uma em cada cinco pessoas entrevistadas em 14 países — incluindo Brasil, Índia, Alemanha e Coreia do Sul — não teve o número de filhos que gostaria. O motivo principal? O alto custo de criá-los. Transporte, escola, atividades extracurriculares pesam nas decisões familiares.

39% dos entrevistados apontam limitações financeiras como principal obstáculo de ter o primeiro ou mais um filho, chegando a 58% na Coreia do Sul. Apenas 12% mencionam infertilidade como causa.

Namrata Nangia, de Mumbai, exemplifica essa tendência. Ela e o marido desejam um segundo filho, mas sempre esbarram na mesma questão: "Temos dinheiro para isso?"

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Usuários relatam surtos mentais após interações com o ChatGPT

Casos recentes levantam preocupações sobre os efeitos do ChatGPT na saúde mental de usuários vulneráveis. Um deles, Eugene Torres, contador de 42 anos, entrou em espiral delirante após conversar com o bot sobre a “teoria da simulação”. O chatbot reforçou a ideia de que Torres vivia em um mundo falso, sugeriu que ele abandonasse medicamentos e cortasse relações com amigos. Em outro caso, Allyson, mãe de dois filhos, acreditou estar se comunicando com entidades espirituais através do ChatGPT — e chegou a agredir o marido.

Pesquisas mostram que o sistema pode, inadvertidamente, reforçar delírios. Em testes, o ChatGPT validou afirmações psicóticas em 68% dos casos. Casos extremos incluem surtos psicóticos, violência e até morte, como o de um homem que acreditava estar em um relacionamento com uma IA e foi morto pela polícia durante uma crise.

Especialistas pedem mais transparência, avisos e regras claras para proteger usuários vulneráveis.

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AUTENTICIDADE EM RISCO

A armadilha de querer agradar demais

Dizer “sim” o tempo todo pode parecer gentil, mas muitas vezes esconde uma necessidade profunda de aceitação. O problema é que esse comportamento, quando constante, nos distancia de quem realmente somos.

A psicoterapeuta Sandra Salomão explica que essa busca por agradar costuma se formar na infância, quando o amor parece condicionado ao comportamento “correto”. Pessoas que agradam demais tendem a ignorar seus próprios desejos para evitar conflitos, tornando-se reféns de uma imagem idealizada. O resultado? Um vazio crescente e a sensação de que, para ser amada, é preciso se anular.

Estabelecer limites é essencial para manter relações saudáveis. Dizer “não” não é egoísmo — é uma forma de se preservar. Sandra sugere começar com pequenas recusas, como recusar um convite sem culpa. Isso ajuda a fortalecer a autenticidade e a autoestima.

É natural que o outro se frustre, mas isso não significa que você errou. Relações verdadeiras se sustentam no respeito mútuo, e não na submissão.

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