Quinta, 17 de julho.

Enquanto a natalidade despenca em boa parte do mundo, governos lançam políticas ousadas (e polêmicas) — para incentivar jovens a ter filhos. Rússia, Polônia, EUA e Hungria lideram esse movimento, com incentivos financeiros e ideológicos. Confira nesta edição.

E mais: como o ChatGPT virou guru amoroso nos apps de encontro, a arte de viajar devagar e com propósito, o crescimento guiado por comunidades como um modelo em expansão para os negócios. Vamos nessa!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min52s

GEOPOLÍTICA DO NASCIMENTO

Países usam bônus e restrições para elevar número de nascimentos

Países como Rússia, Polônia, Hungria e Estados Unidos estão adotando políticas pronatalistas que oferecem incentivos financeiros a mulheres (inclusive adolescentes) para engravidarem, como tentativa de reverter o declínio das taxas de natalidade.

Na Rússia, o governo começou a pagar mais de 100 mil rublos (cerca de R$ 7 mil) a alunas grávidas em dez regiões do país. A medida amplia a política anterior, de março de 2025, voltada apenas a mulheres adultas. O país registrou, em 2023, uma taxa de fertilidade de 1,41 filhos por mulher, bem abaixo do índice necessário para manter a população estável (2,05). A guerra na Ucrânia e o êxodo de jovens também contribuíram para a queda demográfica.

Na Polônia, famílias com dois ou mais filhos recebem 500 złoty mensais (cerca de R$ 750) por criança. Já o governo dos Estados Unidos, sob Donald Trump, propõe pagar US$ 5.000 (R$ 28 mil) por nascimento, política apoiada por figuras como Elon Musk e setores do movimento MAGA.

Apesar dos estímulos, especialistas apontam que essas políticas muitas vezes têm efeitos limitados e dimensão ideológica: tendem a favorecer certos perfis populacionais, como famílias heterossexuais ou cidadãos de etnia dominante. A Hungria, por exemplo, restringe seus benefícios a casais heterossexuais de alta renda.

Alguns governos também promovem discursos que valorizam grandes famílias e desencorajam estilos de vida sem filhos. A Rússia chegou a proibir, em 2024, a chamada “propaganda sem filhos” e a restringir o acesso ao aborto em clínicas particulares.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Como o ChatGPT virou guru amoroso dos usuários nos apps de encontros

Uma pesquisa conduzida pelo Match Group, empresa responsável pelo Tinder, revelou que 26% dos usuários de aplicativos de namoro nos Estados Unidos utilizam ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT , em suas interações — um crescimento de 333% em um ano.

Esses usuários empregam a IA para otimizar seus perfis, escrever mensagens e até avaliar compatibilidade com potenciais parceiros. O dado reflete uma mudança de comportamento: a busca por eficiência emocional em um ambiente marcado por excesso de opções e fadiga decisória.

Especialistas ouvidos no podcast Deu Tilt apontam que o fenômeno revela uma crescente terceirização da intimidade. A tendência levanta questões sobre a possível erosão de habilidades sociais e o papel da IA na mediação de experiências humanas complexas, como a formação de vínculos afetivos.

CONTEÚDO DE MARCA

Crescimento guiado por comunidades: um modelo em expansão

Estudos recentes indicam que empresas que investem em estratégias lideradas por comunidades — os famosos grupos formados por empresários e líderes que compartilham experiências, aprendizados e se apoiam mutuamente em busca de crescimento — têm obtido resultados consistentes em retenção de clientes e aceleração de resultados.

O relatório “2023 Community Industry Report” apontou que 87% dos profissionais acreditam que comunidades são fundamentais para a missão das empresas, e 79% afirmam que elas impactam positivamente nos objetivos de negócio.

No Brasil, esse movimento começa a ganhar corpo. Uma pesquisa da Folha de Pernambuco, em parceria com o Extra Guarapuava, mostrou que 22% das empresas já têm departamentos dedicados à gestão de comunidades — número que era de apenas 15% em 2021.

Para além do senso de pertencimento, essas comunidades empresariais oferecem dados, proximidade com o cliente e oportunidades reais de co-criação. São espaços estratégicos que permitem escalar a confiança e o engajamento, fortalecendo a marca e o negócio ao mesmo tempo.

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SLOW TRAVEL

A arte de viajar devagar e com propósito

Na contramão do turismo acelerado, o conceito de slow travel propõe uma forma mais consciente e profunda de explorar o mundo: com tempo, calma e presença. A ideia não é correr para “aproveitar ao máximo”, mas sim valorizar o descanso, o contato com a cultura local e o prazer do acaso — estar, e não apenas passar.

Esse estilo de viagem incentiva ficar mais tempo em menos lugares, evitando deslocamentos cansativos e criando rotinas que geram familiaridade. A conexão com os moradores, a imersão em mercados de bairro, refeições longas e andanças sem rumo passam a ser os verdadeiros atrativos.

Evitar altas temporadas e planejar dias “sem fazer nada” também fazem parte da proposta, que surge como resposta à exaustão das férias cronometradas. 

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