Sexta,18 de julho.

Pouco antes de morrer, o célebre pensador Zygmunt Bauman refletiu sobre o mal-estar da modernidade e os dilemas das novas gerações em trocas com o jornalista Thomas Leoncini. O diálogo virou livro, Nascidos em tempos líquidos, agora relançado em nova edição. Nesta obra póstuma, Bauman propõe revisitar valores abandonados como caminho possível para o futuro. Um belo convite à reflexão em tempos de incerteza.

E mais: escapar do cotidiano vira motivação principal para viajar, por que o “boomerasking” pode arruinar suas conversas, séries de fantasia para maratonar. Sextou com o Zat!

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REFLEXÕES CONTEMPORÂNEAS

Zygmunt Bauman: entre o colapso do presente e a esperança no passado

A modernidade líquida que Zygmunt Bauman identificou no início dos anos 2000 não apenas persiste, como alcançou, segundo ele, sua “plena fruição”. O sociólogo polonês (1925–2017), referência no pensamento crítico contemporâneo, alertava que três décadas de consumismo desenfreado resultaram em uma “sensação de urgência sem fim”, marcada por medo, ansiedade e perda de confiança nos governos.

Para Bauman, vivíamos um “interregno”: os velhos modelos de vida e organização social já não funcionavam, mas os novos ainda não haviam sido inventados. Nesse vácuo, crises se acumulavam – política, econômica, migratória – enquanto crescia a demanda por líderes autoritários que prometiam restaurar uma ordem ilusória. A democracia, dizia, não estava em crise por falhas internas, mas porque os estados-nação haviam perdido poder diante de forças globais desreguladas.

Pouco antes de morrer, Bauman aprofundou essas reflexões no livro Babel – Entre a Incerteza e a Esperança. Em diálogo com o jornalista Thomas Leoncini, foi lançada postumamente a obra Nascidos em tempos líquidos: Transformações no terceiro milênio, que ganha agora nova edição.

Nos escritos, Bauman reflete sobre esse mundo desorientado e desigual, no qual os indivíduos são deixados à própria sorte. Como saída, ele propõe uma “retrotopia”: recuperar aspectos do passado abandonados de forma imprudente, como a solidariedade e o senso de comunidade. Sem romantismo, mas com esperança, ele acredita que, apesar dos retrocessos, ainda podemos reinventar o futuro — desde que estejamos dispostos a aprender com o que deixamos para trás.

SUMIR DO MAPA

Escapar do cotidiano vira motivação principal em novas formas de turismo

A busca por viagens que ajudem a desconectar da rotina cresceu e vem moldando o setor de turismo global. Pesquisas mostram que mais da metade dos viajantes priorizam destinos fora do circuito tradicional, onde possam ficar incomunicáveis e relaxar.

O turismo noturno, com foco em observação de estrelas, atrai 60% dos interessados em experiências únicas. Já os retiros de longevidade, que oferecem tratamentos como crioterapia e terapia com luz vermelha, também ganharam espaço, com cerca de 60% dos viajantes considerando esse tipo de viagem.

Relatórios da McKinsey indicam que 56% das pessoas viajam mais de duas horas para retiros de bem-estar, enquanto o turismo esportivo, incluindo maratonas internacionais, movimentou US$ 1,1 trilhão em 2023 e pode chegar a US$ 2,4 trilhões até 2030.

Outro segmento em expansão são os retiros familiares de luxo, que oferecem até acompanhamento terapêutico para melhorar as relações entre pais e filhos.

EGOCENTRISMO

Por que o “boomerasking” pode arruinar sua conversa

Sabe aquela pessoa que leva qualquer conversa para um ponto de vista ou caso pessoal? Agora, isso tem nome: boomerask. O termo, dado pelos pesquisadores comportamentais Alison Wood Brooks, da Harvard Business School, e Michael Yeomans, da Imperial College Business School, descreve uma prática comum e irritante nas interações humanas.

Publicado no Journal of Experimental Psychology: General, o estudo analisou o comportamento de mais de 3.000 pessoas para entender o impacto desse “bumerangue de conversação”. Ao contrário do que imaginam, quem pratica o boomerasking acredita estar sendo simpático e interessante, mas acaba percebido como egocêntrico e desinteressado.

Boomerasking é quando alguém pergunta algo pessoal, ouve a resposta e logo traz o foco de volta para si com um comentário. Há subtipos, como o ask-bragging (“Eu também, mas melhor”), o ask-complaining (“Foi pior ainda pra mim”) e o ask-sharing (“Ah, eu também fiz isso”). Perguntas muito específicas soam forçadas, pois revelam a intenção de introduzir um assunto que já estava engatilhado.

Para evitar o boomerasking, prefira perguntas que você não responderia com vivências próprias, ouça com atenção e compartilhe com sinceridade.

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6 séries para quem gostou de Sandman

A série Sandman, baseada na obra de Neil Gaiman, chegou ao fim em 2025 com sua segunda e última temporada. A produção conquistou o público ao mergulhar nos reinos dos sonhos, da morte e do destino com uma estética sombria e narrativa envolvente. Se você curtiu esse universo, confira sete séries com atmosferas parecidas:

• Deuses Americanos (Prime Video) – Também criada por Neil Gaiman, mistura mitologia com crítica social em uma jornada entre antigos e novos deuses.

• The Magicians (Prime Video) – Jovens aprendem magia em uma universidade secreta e descobrem que o mundo fantástico é mais sombrio do que parece.

• O Mundo Sombrio de Sabrina (Netflix) – A jovem bruxa lida com forças obscuras e dilemas entre dois mundos.

• Lovecraft Country (HBO Max) – Terror cósmico e racismo na América dos anos 1950.

• The Stand (Prime Video) – O bem e o mal se enfrentam em um mundo destruído por um vírus.

• Fronteiras do Universo (HBO Max) – Aventura e mistério em mundos paralelos.

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