Terça, 19 de agosto.

A capacidade de ser disciplinado, perseverante e confiável está em declínio, sobretudo entre jovens adultos? Para pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, sim. E esse traço, essencial para o sucesso profissional, a estabilidade emocional e a manutenção de relacionamentos, influencia ainda mais a vida do que inteligência ou origem social. Ignorar distrações imediatas e manter compromissos tornou-se, para muitos, um desafio diário, e pode ser decisivo no século 21.

E mais: recém-formados em computação enfrentam desemprego nos EUA, colombiana é a primeira a testar cirurgia inédita contra depressão, o peso invisível da baixa autoestima. Vem com o Zat!

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COMPORTAMENTO 

O futuro do trabalho pode estar ameaçado pelo declínio da conscienciosidade

Um dos traços de personalidade mais associados ao sucesso profissional e à longevidade – a conscienciosidade – está em queda acelerada entre jovens adultos, segundo análise publicada no Financial Times, com base em dados do Understanding America Study, da Universidade do Sul da Califórnia (USC).

A conscienciosidade, entendida como a combinação de responsabilidade, disciplina e persistência, tem se mostrado um fator mais determinante do que inteligência ou origem social para a estabilidade emocional, longevidade, produtividade e relacionamentos duradouros. No entanto, desde a pandemia, o indicador mostra queda persistente entre pessoas de 20 a 30 anos, que relatam maior distração, menor foco e menos disposição para assumir ou cumprir obrigações.

Os dados sugerem que o excesso de estímulos digitais – como redes sociais, jogos e streaming – contribui para o fenômeno. O aumento do neuroticismo (instabilidade emocional) e a queda na extroversão reforçam a hipótese de que há uma mudança significativa no perfil psicológico da nova geração, com potenciais efeitos negativos na vida profissional e pessoal.

Apesar do cenário, pesquisadores apontam que personalidade é moldável, e que o fortalecimento da conscienciosidade pode ser incentivado por meio de educação, hábitos e estruturas de apoio.

A longo prazo, o desafio será adaptar ambientes de trabalho e políticas públicas a uma força de trabalho menos disciplinada e mais ansiosa.

TECNOLOGIA

Adeus aos salários de R$ 500 mil por ano: recém-formados em computação enfrentam desemprego nos EUA

Durante anos, a ciência da computação foi vista como um passaporte para empregos estáveis e salários acima de US$ 100 mil anuais. Hoje, esse cenário mudou. Com a onda de demissões em grandes empresas de tecnologia e a rápida ascensão da inteligência artificial, jovens que acabaram de concluir a graduação lutam para encontrar espaço no mercado.

Dados do Federal Reserve de Nova York indicam que o desemprego entre recém-formados em ciência da computação chega a 6,1% — o dobro do observado em áreas como biologia ou história da arte. Muitos relatam ter submetido milhares de candidaturas sem retorno.

Especialistas explicam que funções de entrada, tradicionalmente ocupadas por recém-formados, são justamente as mais vulneráveis à automação. Ferramentas de IA capazes de gerar e depurar código reduzem a demanda por programadores iniciantes, enquanto universidades ainda demoram a adaptar seus currículos.

NEUROCIÊNCIA APLICADA

Colombiana é a primeira a testar cirurgia inédita contra depressão resistente

Lorena Rodríguez, 34 anos, tornou-se a primeira paciente do mundo a passar por uma cirurgia de estimulação cerebral profunda com quatro eletrodos para tratar depressão crônica resistente. O procedimento, realizado em Bogotá, pelo neurocirurgião William Contreras, implantou eletrodos em múltiplas regiões do cérebro associadas à tristeza, ansiedade e culpa — uma abordagem inédita no tratamento.

A cirurgia guiada por ressonância magnética e tractografia foi considerada um marco pela medicina latino-americana. De acordo com Contreras, a técnica visa modular circuitos cerebrais por meio de impulsos elétricos contínuos, oferecendo melhora a até 60% dos pacientes e remissão em cerca de 30% dos casos.

Após quatro meses, Lorena relata sinais de estabilidade inédita e perspectiva de futuro. O caso inaugura a aplicação da chamada abordagem “multitarget” na América Latina e reforça o potencial regional para tratamentos de alta complexidade em saúde mental.

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MENTE E EMOÇÕES

O peso invisível da baixa autoestima

A baixa autoestima pode ter efeitos profundos e duradouros no comportamento de uma pessoa. Pesquisas em psicologia apontam que sentimentos persistentes de inadequação influenciam desde decisões cotidianas até relações sociais, levando a padrões de isolamento, autoproteção excessiva ou, em alguns casos, a uma busca constante por aprovação externa.

Exemplos práticos ajudam a ilustrar. Há quem evite convites ou contatos sociais por medo de não ser desejado, ou quem monopolize conversas acreditando que só assim será lembrado. Outros, mesmo em contextos de estabilidade financeira ou emocional, sentem-se permanentemente carentes de reconhecimento. Tais comportamentos, ainda que variados, partem de uma raiz comum: a dificuldade em se perceber como digno de valor.

Apesar de terapias modernas buscarem ampliar a autocompreensão e fortalecer a autoestima, especialistas reconhecem que se trata de um desafio persistente. Afinal, a necessidade de pensar bem de si mesmo parece estar entrelaçada à própria condição humana.

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