Quinta, 21 de novembro.

“O chefe não deveria ser alguém que vamos enfrentar todas as manhãs. Um chefe deve nos fazer dar o melhor de nós, e não fazer com que nossos níveis de estresse disparem”, escreve Jamie Woolf, especialista em psicologia organizacional. Mas um chefe ruim pode se repensar? Confira nesta edição.

E mais: Brasil registra menor número de leitores da história, por que o estoicismo anda fazendo tanto sucesso, moderadores de redes sociais enfrentam problemas de saúde mental. Vem com a gente!

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MERCADO EDITORIAL

Brasil registra menor número de leitores da história, revela pesquisa

Pela primeira vez, os não leitores são maioria no Brasil: 53% da população não leu sequer parte de um livro nos últimos três meses, revela a recém-divulgada pesquisa Retratos da Leitura 2024.

A pesquisa, que envolveu mais de 5.500 brasileiros na maior amostragem da história do estudo, aponta uma perda de 6,7 milhões de leitores no país nos últimos quatro anos. A média de livros lidos por ano caiu para 3,96 títulos, o menor índice da série histórica iniciada em 2007.

Apenas 27% dos brasileiros leram um livro inteiro no trimestre anterior à pesquisa, enquanto 43% leram livros por vontade própria, sejam completos ou em partes. Entre os fatores que influenciam a escolha de um livro, apenas 2% dos leitores citam influenciadores digitais.

O cenário contrasta com tendências globais: no Reino Unido, foram vendidos 669 milhões de livros impressos em 2022, recorde histórico, com a Geração Z respondendo por 80% das compras. Embora celebridades e influenciadores transformem livros em acessórios de moda nas redes sociais, resta saber se esse fenômeno estético se traduz em real engajamento com a leitura ou apenas reflete uma forma de status social.

SAÚDE MENTAL

Moderadores de redes sociais enfrentam trauma por filtrar conteúdo violento

Profissionais responsáveis por remover conteúdo perturbador de plataformas como TikTok, Instagram e Facebook relatam graves problemas causados pela exposição constante a material violento e ilegal.

"Sacrifiquei minha saúde mental pelos outros", conta Mojez, ex-moderador do TikTok em Nairóbi, que analisava "centenas de vídeos horríveis" diariamente.

Em 2020, a Meta concordou em pagar US$ 52 milhões em indenizações a moderadores que desenvolveram problemas psicológicos.

Apesar do avanço da inteligência artificial, especialistas defendem que a supervisão humana continua sendo fundamental, mas alertam: "Não há moderadores suficientes e o trabalho é incrivelmente prejudicial".

TEMPOS INCERTOS

Por que a filosofia estoica está tão popular?

O estoicismo voltou à moda em uma era de instabilidade global, assim como ganhou força durante a queda da república romana.

Essa corrente filosófica oferece ferramentas práticas para lidar com incertezas e mudanças bruscas - realidade comum no mundo dos negócios. Além disso, o estoicismo dialoga com questões modernas de bem-estar mental, atraindo tanto líderes quanto pessoas interessadas em autodesenvolvimento.

Bill Gates, Warren Buffett e Jeff Bezos estão entre os que demonstram atração pelo estoicismo, que prega foco no que está sob nosso controle e aceitação do inevitável.

Para os altos executivos e aspirantes, seu apelo está em três pontos principais: o foco em resultados práticos e não em teorias abstratas, técnicas como o "premeditatio malorum" (antecipação de problemas) para gestão de riscos e a ênfase na resiliência e controle emocional.

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LIDERANÇA CEGA

Por que maus chefes não enxergam os próprios erros?

Apesar dos impactos negativos que causam, muitos líderes ruins acreditam estar fazendo um excelente trabalho, um paradoxo explicado pelo efeito Dunning-Kruger, segundo o qual indivíduos com baixa competência superestimam suas habilidades.

Parte do problema é o (compreensível) medo dos funcionários de fornecer feedback honesto, reforçando a ilusão de competência. Além disso, o poder pode distorcer a percepção do líder, como alerta Ed Catmull, da Pixar: quanto mais alto o cargo, mais difícil é ouvir a verdade. Estudos mostram que o poder reduz a empatia e aumenta comportamentos egoístas, criando um ambiente onde maus chefes permanecem cegos aos próprios erros.

A solução passa por promover autoconsciência. Aqueles que querem ser bons líderes devem se perguntar: conheço os desafios da minha equipe? Sei o que os motiva? Admito erros? Estimular a discordância saudável, conhecer as necessidades do time e criar espaço para diálogo são passos essenciais.

Embora maus chefes não desapareçam completamente, entender as raízes de seu comportamento ajuda a mitigar os danos. Afinal, líderes eficazes não apenas comandam, mas inspiram e crescem junto com sua equipe.

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