Terça, 22 de abril.

A inteligência artificial está prestes a transformar mais um setor: o do conteúdo adulto. Com produção em massa, personalização extrema e baixo custo, o conteúdo gerado por IA levanta questões éticas, legais e sociais. Confira nesta edição.

E mais: como alimentos “reutilizados” estão ajudando a combater o desperdício, universalização do saneamento até 2033 está ameaçada no país, você sabia que o estresse é contagioso? Vem com a gente!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min50s

INOVAÇÃO ALIMENTAR

Como alimentos “reutilizados” estão ganhando espaço e ajudando a combater o desperdício

Mais de 1 bilhão de toneladas de alimentos foram desperdiçadas no mundo apenas em 2022, segundo a ONU. Para reduzir esse impacto ambiental e econômico, empresas europeias têm apostado em ingredientes considerados “reutilizados” — restos de produção como polpas de frutas, sementes, grãos e até sobras da fabricação de cerveja.

Um exemplo é a Nibs etc., criada pela empreendedora britânica Chloe Stewart. A marca surgiu em 2018, produzindo granolas, pães e biscoitos a partir de ingredientes que normalmente seriam descartados, como a polpa de maçã. Hoje, seus produtos são vendidos em redes de luxo do Reino Unido, como Selfridges e Waitrose.

Esses alimentos fazem parte de um movimento apoiado pela fundação Ellen MacArthur, que promove uma economia circular e incentiva práticas mais regenerativas na indústria alimentícia. Iniciativas premiadas incluem massas feitas com ervilhas que seriam descartadas e hambúrgueres com algas marinhas que substituem parte da carne, reduzindo o impacto ambiental.

Apesar dos preços mais altos e do desconhecimento do público sobre termos como “reutilizado” ou “regenerativo”, os defensores da ideia acreditam que, com mais escala, esses produtos podem se popularizar. Para especialistas, tornar o sistema alimentar mais sustentável exige repensar desde a produção até o consumo — e isso inclui dar novo valor ao que antes era visto apenas como resíduo.

INFRAESTRUTURA

Universalização do saneamento até 2033 está ameaçada — e tarifa pode subir

A meta de universalizar o saneamento básico no Brasil até 2033 corre risco de não ser cumprida. As estatais do setor, responsáveis por quase 88% do abastecimento urbano de água e 67% do esgoto, enfrentam dificuldades para obter financiamentos com bancos públicos, como BNDES e Caixa, o que trava novos investimentos.

Diante da burocracia e exigências elevadas, muitas recorrem ao mercado privado, onde os juros são maiores. Com isso, o custo dos projetos sobe — e a conta acaba chegando ao consumidor, em forma de tarifas mais altas.

Embora a iniciativa privada tenha avançado com concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas) desde o novo marco legal de 2020, os investimentos ainda estão aquém dos R$ 900 bilhões necessários para alcançar 99% de cobertura de água e 90% de coleta de esgoto até 2033.

Para especialistas, o ritmo atual preocupa. A lentidão no acesso a crédito e o histórico de endividamento dos estados dificultam a expansão. Apesar disso, há otimismo moderado: o setor vê nas parcerias com a iniciativa privada uma alternativa viável para manter o cronograma e garantir a expansão dos serviços.

TECNOLOGIA

Conteúdo sexual gerado por IA levanta dilemas éticos e sociais

O conteúdo sexual criado com inteligência artificial está em rápida expansão e pode transformar profundamente o mercado de conteúdo adulto. Plataformas permitem que usuários personalizem imagens, vídeos e até chatbots com características específicas, moldando experiências altamente individualizadas.

Esse avanço levanta questões éticas, como o risco de uso abusivo, deepfakes não consentidos — como no caso recente envolvendo a cantora Taylor Swift —, e possíveis impactos negativos à saúde mental e ao isolamento social. Além disso, há preocupações trabalhistas, com ameaça aos profissionais do setor e a possibilidade de criação de conteúdos ilegais.

Por outro lado, defensores apontam que a IA pode ampliar a diversidade de experiências, ser usada em terapias sexuais, educação e pesquisas. No entanto, especialistas alertam: os avanços estão ocorrendo mais rápido que a regulamentação, e ainda não há preparo social nem legal para lidar com essas transformações.

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SAÚDE MENTAL

Estresse é contagioso — mas é possível se proteger

Pesquisas indicam que o estresse pode ser contagioso, especialmente em momentos de crise social ou econômica. Mesmo quem não está diretamente envolvido em situações estressantes pode absorver o estresse de pessoas próximas ou por meio da exposição constante a conteúdos negativos nas redes sociais, devido à capacidade humana de conexão emocional com o sofrimento alheio.

Embora essa empatia possa fortalecer laços sociais, também aumenta o risco de estresse crônico, que está associado a alterações hormonais, distúrbios de humor e problemas de saúde física.

Para reduzir os efeitos do contágio do estresse, especialistas recomendam construir relações sociais positivas, limitar a exposição a estímulos negativos, buscar atividades prazerosas e manter certo distanciamento em situações sobrecarregantes, se atentando para o seu limite pessoal. 

Manter o equilíbrio emocional contribui não só para o bem-estar individual, mas também para a saúde dos ambientes sociais.

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