Terça, 22 de outubro.

O mercado de influência digital tem encontrado solo fértil no país ao prometer uma alternativa para o sonho frustrado do bom emprego: é o que afirma antropóloga laureada com financiamento de órgão da União Europeia em pesquisa inédita sobre a relação entre trabalhadores, redes sociais e autoritarismo no Brasil, na Índia e nas Filipinas. Confira nesta edição.

E mais: cidades estão fartas de excesso de turistas, agentes de inteligência artificial estão se tornando uma realidade no ambiente corporativo, bitcoin atinge recorde em reais, há quanto tempo você não toma uma banana split? Hoje no Zat!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min49s

ASPIRANTES A INFLUENCIADORES

Tem influencer vendendo carro para pagar mentoria, afirma pesquisadora

No Brasil, tem se expandido um mercado de cursos que prometem milhões de reais em retorno, mas esconde uma realidade mais sombria, revelada por recente pesquisa da Universidade de Dublin, que acompanhou 549 mentores brasileiros do Instagram e 500 mil aspirantes a influenciadores.

O mercado de marketing digital se travestiu de alternativa para o sonho frustrado do emprego formal estável no país, avalia Rosana Pinheiro-Machado, que conduziu a pesquisa. “As pessoas agora desejam ficar milionárias com a economia digital”.

A estimativa é que atualmente existam 25 milhões de brasileiros que trabalham no Instagram. O perfil desses aspirantes a influenciadores é composto, em sua maioria, por mulheres pobres, periféricas ou negras que enfrentam dificuldades para lidar com as exigências do mercado. Algumas vendem carros ou usam o FGTS para pagar mentorias de 50 mil reais, motivadas pela crença de que mudarão de vida com o marketing digital.

A pesquisadora analisou o discurso dos coaches, que costumam usar a mesma mensagem chave: “Se eu consegui, você também consegue".

Pinheiro-Machado ressalta que a estrutura algorítmica do Instagram é piramidal, tornando muito difícil para a maioria desses aspirantes alcançar o sucesso, e defende que esse mercado precisa ser regulamentado para evitar que milhões de brasileiros se vejam enredados em uma teia de falsas promessas e estelionato digital.

TURISMOFOBIA

Cidades repelem turistas em excesso

Moradores de tradicionais destinos turísticos tem experimentado uma crescente insatisfação com as consequências do excesso de visitantes.

Embora o turismo seja uma fonte importante para a economia local, ele também gera problemas como congestionamentos, barulho, perda de identidade cultural e a substituição de pequenos comércios por grandes empreendimentos.

Em resposta, várias cidades têm adotado medidas para controlar o fluxo de turistas, como a cobrança de taxas, restrições de circulação e até a proibição de comportamentos como tirar fotos em determinadas áreas.

Barcelona figurou nos jornais recentemente devido a protestos que contaram com moradores armados com pistolas de água para molhar visitantes em frente a hotéis e restaurantes. Bali, Veneza e Kyoto estão entre os locais que implementaram regras para garantir a qualidade de vida dos residentes.

Especialistas alertam que essas ações, se mal planejadas, podem resultar na exclusão social, elitizando o acesso a esses destinos.

ALÉM DO CHATGPT

Nova geração de inteligência artificial está chegando às empresas

Os agentes de inteligência artificial (IA) estão se tornando uma realidade no ambiente corporativo. Capazes de realizar séries de ações sem supervisão constante, esses sistemas já estão sendo desenvolvidos por várias empresas de tecnologia e prometem uma evolução significativa na automação de tarefas.

A Microsoft planeja permitir que organizações criem seus próprios agentes de IA através do Copilot Studio no próximo mês. Outras empresas, como Google, Oracle e Salesforce, também estão investindo em tecnologias similares.

No Brasil, algumas empresas já adotam versões iniciais dessa tecnologia. A Cogna implementou o "Edu", um agente que auxilia alunos e realiza funções administrativas, enquanto a Positivo Tecnologia trabalha em um "professor digital" automatizado.

Apesar do avanço, a adoção generalizada enfrenta desafios, com muitas organizações ainda em fases iniciais de implementação. À medida que essa tecnologia se desenvolve, questões de privacidade se tornam cada vez mais relevantes — com as empresas precisando da segurança dos dados e informações.

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OVERPARENTING

Pais neuróticos criam filhos imaturos

O excesso de proteção dos pais, conhecido como overparenting, pode ser tão prejudicial quanto a negligência, comprometendo o desenvolvimento emocional e social dos filhos. Estudos recentes indicam que essa superproteção está criando gerações de jovens emocionalmente imaturos.

Pais superprotetores controlam os conflitos dos filhos, falam por eles e até tomam decisões importantes, como assuntos acadêmicos. Essa interferência constante impede que as crianças aprendam a resolver problemas sozinhas e enfrentem os desafios da vida.

Pesquisas mostram que essa parentalidade pode até mesmo levar a problemas graves, como a redução da expectativa de vida em até 22% para mulheres e 12% para homens que viveram sob esse controle excessivo.

O equilíbrio, como proposto pela teoria da "parentalidade boa o suficiente" de Donald Winnicott, é crucial. Proteger os filhos é importante, mas permitir que eles desenvolvam resiliência e independência é essencial para seu futuro saudável.

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