Quarta, 23 de abril.

O debate sobre renda básica universal envolve economistas, sociólogos e formuladores de políticas públicas que analisam aspectos como sustentabilidade fiscal, impactos no mercado de trabalho, efeitos sobre o bem-estar social e possíveis alternativas ao sistema tradicional de assistência social. Confira nesta edição um novo estudo sobre esse tema.

E mais: Florianópolis lidera entre as capitais no peso da tecnologia no PIB, dermatologistas alertam para efeitos colaterais do Ozempic na pele e no cabelo, como um casal pode se unir contra a infidelidade financeira. Vamos nessa!

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ECONOMIA COMPORTAMENTAL

Estudo alemão mostra que renda básica não reduz vontade de trabalhar

Um experimento de três anos conduzido na Alemanha mostrou que oferecer uma renda mensal incondicional de 1.200 euros (cerca de R$ 7,9 mil) a cidadãos comuns não reduz a disposição para o trabalho: os participantes do estudo continuaram trabalhando, em média, 40 horas por semana.

O projeto foi idealizado pela ONG Mein Grundeinkommen, em parceria com institutos de pesquisa como o DIW Berlin. A proposta testava os efeitos de uma renda básica universal. Ao todo, 122 pessoas receberam o valor mensalmente, enquanto um grupo de controle com 1.580 indivíduos seguiu sendo avaliado sem o benefício.

Entre os resultados, destacam-se mudanças de emprego mais frequentes entre os beneficiados, além do aumento na procura por estudos paralelos. Muitos se sentiram mais satisfeitos com a vida e o trabalho.

Além do estudo, uma série documental chamada Der grosse Traum: Geld für alle ("O grande sonho: dinheiro para todos") acompanha o impacto da renda básica na vida de cinco participantes.

A organização agora prepara um novo sorteio para conceder o benefício a mais pessoas, enquanto discute formas de financiamento via redistribuição de impostos. Segundo os ativistas, 83% da população alemã teria mais dinheiro com o sistema.

O experimento contribui para o conjunto de dados sobre diferentes modelos econômicos e políticas de distribuição de renda, uma discussão que ocorre em diversos países desde a década de 1970. Nesse período, várias nações conduziram experimentos piloto, incluindo o Canadá (Projeto Mincome), Estados Unidos (experimentos em cidades como Denver e Seattle) e, mais recentemente, Finlândia (2017-2018).

A discussão sobre renda básica universal frequentemente cruza fronteiras ideológicas, com apoio vindo tanto de economistas liberais como Milton Friedman (que defendia o "imposto de renda negativo") quanto de pensadores progressistas preocupados com desigualdade social.

Enquanto alguns defendem que modelos de renda incondicional podem simplificar sistemas burocráticos de seguridade social, outros questionam sua viabilidade econômica e potenciais efeitos inflacionários.

RANKING

Florianópolis lidera entre as capitais no peso da tecnologia no PIB

Florianópolis é hoje a capital brasileira com maior participação da tecnologia em sua economia: o setor representa 25% do PIB local, segundo a Acate (Associação Catarinense de Tecnologia). O número chama atenção em comparação com outras capitais, como Curitiba (14,4%), São Paulo (12,5%) e Belo Horizonte (9,7%).

O avanço do setor na capital catarinense começou ainda nos anos 1980, impulsionado por uma combinação de fatores: a geografia que limita a presença de indústrias pesadas, a presença da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e o investimento em centros de inovação como o Sapiens Parque. Hoje, a cidade abriga mais de 6 mil empresas de tecnologia, a maioria de pequeno porte, mas que já atraem grandes nomes — como a JBS, que abriu um centro de pesquisa em carne cultivada.

Mesmo com esse avanço, a escassez de mão de obra ainda é um desafio compartilhado por outras regiões do país. Estima-se que, só em Santa Catarina, serão necessários 100 mil profissionais até 2030. O déficit se agrava com a competição internacional: empresas estrangeiras seguem atraindo talentos brasileiros com salários em dólar.

SAÚDE E ESTÉTICA

Ozempic: dermatologistas alertam para efeitos colaterais na pele e cabelo

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgou um alerta sobre os impactos dermatológicos do uso de medicamentos à base de semaglutida, como Ozempic e Wegovy. Embora esses remédios sejam eficazes no controle do diabetes, emagrecimento e até apresentem benefícios cardiovasculares e neurológicos, estudos indicam efeitos colaterais importantes na pele e no cabelo.

Entre os efeitos observados estão queda de cabelo, alterações de sensibilidade cutânea, reações no local da aplicação e, mais raramente, doenças autoimunes como penfigoide bolhoso e vasculite. A rápida perda de gordura corporal também pode causar flacidez, rugas e aparência envelhecida, devido à redução de nutrientes essenciais.

A SBD recomenda acompanhamento médico, especialmente em pacientes com histórico de doenças autoimunes, além de cuidados dermatológicos preventivos e nutrição adequada durante o tratamento.

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VIDA A DOIS

Infidelidade financeira: quando o silêncio sobre o dinheiro vira traição

A infidelidade financeira ocorre quando um dos parceiros oculta informações sobre gastos, dívidas ou rendimentos — e pode abalar um relacionamento tanto quanto uma traição sexual. “A confiança é uma contingência relacional essencial”, explica o psicólogo Arnaldo Cheixas Dias. Quando rompida, surgem conflitos, afastamento e perda do sentimento de parceria.

Entre os sinais mais comuns estão: evitar conversas sobre dinheiro, esconder dívidas, mentir sobre o salário ou fazer gastos secretos. Em alguns casos, o problema está ligado à compulsão por compras; em outros, à tentativa de evitar brigas.

O psicólogo aponta que o maior desafio está na falta de diálogo. Muitos casais falam sobre filhos, trabalho e futuro, mas evitam o tema dinheiro por tabus culturais.

Para evitar conflitos, ele sugere medidas práticas: reservar um valor individual mensal para gastos pessoais, sem necessidade de justificativa; criar metas conjuntas e promover encontros regulares para revisar finanças. “Falar sobre dinheiro deveria ser como fazer manutenção de um carro — algo natural e necessário”, diz Arnaldo.

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