Quinta, 24 de abril.

O Rio de Janeiro é a 1ª cidade de língua portuguesa a receber da Unesco o título de Capital Mundial do Livro, e por isso promete um ano de eventos literários voltados à inclusão, economia criativa e valorização da leitura. Aproveitamos a deixa para falar sobre como anda o consumo de livros pelo país. Confira nesta edição.

E mais: presidente do INSS se demite após suspeita de fraude, ferramenta de IA levanta questões éticas ao ajudar a trapacear em entrevistas e provas, como lidar com a ansiedade no caminho do próprio negócio. Vem com o Zat!

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LIVROS

Panorama revela obstáculos e oportunidades no mercado editorial brasileiro

A cidade do Rio de Janeiro recebeu ontem o título de Capital Mundial do Livro, concedido pela Unesco. Mas como anda o consumo de livros pelo país?

A edição de 2025 da pesquisa Panorama do Consumo de Livros revela um retrato complexo do hábito de leitura no Brasil. Apenas 16% da população adulta comprou livros nos últimos 12 meses — um dado que acende o alerta para os desafios do setor. Por outro lado, quem compra tende a adquirir mais de um exemplar por ano, com destaque para o público feminino, que representa 61% dos consumidores.

A pesquisa mostra que a maioria das vendas (55%) acontece no ambiente digital, enquanto apenas 39% dos leitores ainda compram em livrarias físicas. A retração no número de lojas, a concentração nos centros urbanos e a dominância de marketplaces online têm dificultado o acesso ao livro em regiões periféricas e fora do eixo Sudeste-Sul, como o Nordeste, que apresenta boa taxa de leitura, mas menor presença de livrarias.

Além disso, o estudo aponta que há uma demanda reprimida: muitos leitores recorrem à troca de livros, bibliotecas ou à pirataria para ter acesso às obras, embora seja difícil mensurar esses dados. A crise econômica, as mudanças nos hábitos de lazer e o avanço das plataformas digitais também influenciam negativamente o número de leitores — que caiu em todas as faixas etárias, segundo dados complementares do levantamento Retratos da Leitura no Brasil.

Mesmo com o preço do livro tendo caído em termos reais nos últimos anos, o setor ainda enfrenta dificuldades para ampliar sua base de consumidores. A pesquisa indica que há espaço para expansão, principalmente com políticas de estímulo à leitura, novos formatos de livrarias e iniciativas que aproximem o livro dos leitores.

OPERAÇÃO SEM DESCONTO

Presidente do INSS se demite após suspeita de fraude

O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão após a Polícia Federal deflagrar a Operação Sem Desconto, que apura fraudes em aposentadorias e pensões.

Segundo a investigação, entidades cobravam mensalidades associativas sem autorização dos beneficiários, somando prejuízo estimado de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

A operação mobilizou 700 agentes da PF e 80 servidores da CGU, com 211 mandados judiciais cumpridos em 14 estados e no DF. Também houve apreensão de bens de luxo e afastamento de seis servidores.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que os aposentados foram “vítimas fáceis” do esquema, por estarem em uma fase “naturalmente mais debilitada da vida”.

Os envolvidos podem responder por corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

AJUDA OU TRAPAÇA?

Ferramenta de IA ajuda a “colar” em entrevistas e provas

A startup Cluely, criada por dois estudantes da Universidade Columbia, arrecadou US$ 5,3 milhões em investimentos para desenvolver uma ferramenta de inteligência artificial que auxilia usuários durante entrevistas de emprego, provas e outras situações avaliativas. A tecnologia funciona por meio de uma janela oculta no navegador, invisível para quem está do outro lado da tela.

Apesar de já gerar mais de US$ 3 milhões por ano, a Cluely tem sido criticada por incentivar práticas desonestas.

O CEO Roy Lee e o COO Neel Shanmugam foram suspensos da universidade após criarem o protótipo. Eles defendem que a ferramenta pode ser comparada a inovações como calculadoras e corretores ortográficos.

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EMPREENDER SEM ADOECER

Como lidar com a ansiedade no caminho do próprio negócio

Segundo a startup Endeavor, 85% dos empreendedores sofrem com ansiedade, bem acima da média da população. Isso não é surpresa: o empreendedor muitas vezes carrega o peso de fazer tudo sozinho, desde vender até lidar com burocracias e impostos.

Para o psicólogo Marcelo Afonso Ribeiro, da USP, esse cenário de metas inatingíveis e instabilidade econômica acaba minando a saúde mental. A pressão é tanta que o trabalho, que poderia ser fonte de realização, vira um gatilho de esgotamento.

Mas há saídas possíveis. Criar redes de apoio com outros empreendedores, dividir tarefas sempre que possível e contar com orientação jurídica e contábil são passos importantes. Ter com quem conversar e trocar ideias faz diferença.

Além disso, repensar metas e respeitar os próprios limites é essencial.

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