Quinta, 24 de julho.

Você também acelera podcasts, vídeos ou aulas online para dar conta de tudo? Cada vez mais comum entre os mais jovens, o hábito de assistir a conteúdos em velocidades maiores pode ter um custo. Estudos mostram que, embora eficiente em termos de tempo, esse hábito pode atrapalhar a retenção de informações. Vale repensar a pressa?

E mais: como a Grécia se recuperou após quase sofrer um colapso econômico, a sociedade ainda não está pronta para os desafios decorrentes do aumento da longevidade, como voltar a amar depois de um término traumático. Vamos nessa!

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ILUSÃO OU PRODUTIVIDADE

O que vídeos acelerados revelam sobre o funcionamento da mente

O hábito de assistir a vídeos em velocidade acelerada, cada vez mais comum entre jovens, está sendo analisado sob a ótica da ciência cognitiva. Uma meta-análise que revisou 24 estudos acadêmicos revelou que a retenção de conteúdo cai conforme a velocidade de reprodução aumenta, especialmente acima de 2,5x.

Segundo a pesquisa, realizada por universidades como a Queen Mary University of London, a memória de trabalho — sistema cerebral que processa e armazena informações temporárias — é sobrecarregada quando a fala ultrapassa 300 palavras por minuto. Em testes de aprendizagem, participantes que assistiram a aulas em 2,5x obtiveram, em média, 17 pontos percentuais a menos do que aqueles que assistiram no ritmo normal.

Estudantes mais jovens, entre 18 e 36 anos, foram mais capazes de lidar com essa aceleração do que adultos acima de 60 anos, o que pode estar relacionado à familiaridade com o consumo digital e maior flexibilidade cognitiva. Ainda assim, os pesquisadores alertam que não há evidências de que a prática frequente reduza os efeitos negativos a longo prazo.

Além disso, a satisfação com a experiência tende a diminuir com o aumento da velocidade, o que pode afetar a motivação para estudar ou absorver conteúdo. Embora o consumo rápido se popularize, não está claro se essa tendência traz ganhos reais de aprendizado ou apenas a ilusão de produtividade.

CRISE E REFORMAS

Como a Grécia se recuperou após quase sofrer um colapso econômico

Dez anos após flertar com o colapso econômico, a Grécia vive uma recuperação surpreendente. Em 2015, o país estava à beira de deixar o euro após um plebiscito rejeitar os termos de um pacote de socorro internacional. O então premiê Alexis Tsipras recuou, iniciou reformas e firmou um novo acordo com os credores. A crise, agravada por manipulações contábeis e déficits alarmantes, levou a três resgates financeiros e uma queda de 26% no PIB.

A virada veio com o cumprimento rigoroso das metas do terceiro pacote, que estabilizou a economia e permitiu o retorno da Grécia aos mercados em 2017. A centro-direita assumiu o governo em 2019, acelerando reformas, digitalizando serviços e recuperando o setor bancário. Hoje, o país exibe superávit fiscal e crescimento acima da média europeia, com exportações em alta e um nascente setor de tecnologia.

Apesar dos avanços, desafios persistem: o PIB per capita ainda está abaixo da média da UE, a produtividade segue baixa e grandes projetos, como o da Microsoft, enfrentam atrasos. Para especialistas, a Grécia reformou-se, mas ainda precisa de transformação estrutural. Mesmo assim, sua trajetória ajudou a moldar uma nova arquitetura de estabilidade na zona do euro.

LONGEVIDADE

Como lidar com tantos anos?

A expectativa de vida cresce globalmente, mas a sociedade ainda não está pronta para os desafios da longevidade. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com mais de 60 anos deve ultrapassar 2 bilhões até 2050. No entanto, o envelhecimento segue associado a decadência, isolamento e perda de autonomia.

Especialistas apontam que há um vácuo de políticas públicas, educação e preparo social para essa fase da vida. Em vez de focar apenas em tratamentos médicos, o envelhecimento saudável envolve autonomia, vínculos sociais e novos propósitos.

A mudança passa por educar desde cedo para o envelhecimento, combatendo estigmas culturais e questionando a lógica do “antiaging”, que transforma o tempo em inimigo. Envelhecer pode ser uma etapa de continuidade, com saúde, dignidade e significado.

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RELACIONAMENTOS

Como voltar a amar depois de um término traumático

Traições, abandonos abruptos ou relações abusivas podem deixar marcas profundas. Nestes casos, amar de novo pode ser desafiador.

Especialistas apontam que o primeiro passo é reconhecer o luto. Não adianta tentar preencher o vazio imediatamente com outro amor — isso tende a gerar relações frágeis ou impulsivas. “Toda ruptura envolve perda”, diz a psiquiatra Carmita Abdo.

A psicóloga Ediane Ribeiro alerta para sintomas de trauma que podem seguir um fim difícil, como insônia, ansiedade ou medo excessivo de confiar. “O trauma não é o evento, é o que ele deixa em nós”, explica. A reconexão com o próprio corpo e emoções é essencial nesse processo, assim como cuidar da saúde física e emocional.

Retomar atividades que traziam prazer antes da relação também fortalece a autoestima. “A gente se modifica nas relações. É importante resgatar quem éramos”, diz Ribeiro.

Amizades e laços familiares funcionam como espaços seguros para treinar confiança e intimidade. Reaprender a amar é possível — e começa por se amar primeiro.

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