Terça, 25 de fevereiro.

A geração que redefiniu o conceito de juventude nos anos 60 agora redefine, involuntariamente, o conceito de velhice. Um terço dos idosos americanos já compromete mais de 30% de sua renda apenas com moradia – um recorde histórico que expõe uma vulnerabilidade crescente. Confira nesta edição.

E mais: brasileiros usam táticas da hiperinflação para driblar a alta dos alimentos, Inteligência Artificial conectada ao cérebro lê pensamentos, como memórias de relações antigas moldam o amor do presente. Vem com o Zat!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min49s

CRISE PRATEADA

Boomers enfrentam escassez de asilos

A geração baby boomer enfrenta uma crise habitacional sem precedentes nos asilos dos Estados Unidos. Segundo dados do NIC MAP, serviço de análise do setor imobiliário, apenas 191.000 novas unidades habitacionais serão construídas até 2030, muito abaixo das 560.000 necessárias para atender à demanda crescente.

De acordo com o Joint Center for Housing Studies da Universidade de Harvard, cerca de 11,2 milhões de idosos - um terço do total - gastam mais de 30% de sua renda com moradia, estabelecendo um recorde histórico. Arick Morton, diretor executivo do NIC MAP, destaca que "a indústria precisaria desenvolver o dobro de unidades do que jamais construiu em qualquer ano calendário para acompanhar a demanda".

A situação é agravada por múltiplos fatores: altas taxas de juros, custos elevados de construção e escassez de mão de obra. Os novos projetos têm focado no segmento de luxo, deixando uma parcela significativa dos idosos sem opções acessíveis.

O Urban Institute, centro de pesquisas sobre políticas urbanas, projeta que o número de adultos que necessitarão de cuidados básicos (85 anos ou mais) quadruplicará entre 2000 e 2040. Karen Lynch, ex-CEO da CVS Health, compara o fenômeno a um "tsunami de pessoas entrando no Medicare", sistema de saúde público americano para idosos, alertando para uma pressão sem precedentes no sistema de saúde.

CONSUMO

Brasileiros usam táticas da hiperinflação para driblar a alta dos alimentos

Os consumidores brasileiros estão resgatando estratégias da época da hiperinflação para enfrentar a atual escalada nos preços dos alimentos. Diferente de crises anteriores, quando as reações eram mais homogêneas, o comportamento atual combina múltiplas táticas simultaneamente.

Segundo Gabriel Fagundes, da consultoria NielsenIQ, 37% dos domicílios agora frequentam todos os tipos de estabelecimentos comerciais – um aumento de 3,3 pontos percentuais em relação a 2023. Nos atacarejos, 87,8% das notas fiscais em dezembro continham alimentos, contra 83,1% em janeiro.

Os consumidores estão sendo mais racionais: compram embalagens grandes de alguns produtos e menores de outros, alternam entre marcas premium e econômicas, e visitam diferentes tipos de lojas para aproveitar promoções.

Esta mudança no perfil de compra já mostra resultados: a Cesta de Consumo Neogrid & FGV Ibre registrou queda de preços em cinco das oito capitais monitoradas entre dezembro e janeiro.

TECNOLOGIA DE PONTA

Meta mostra IA que traduz pensamentos em palavras com 80% de precisão

Pesquisadores da Meta FAIR, em parceria com o Basque Center on Cognition, Brain and Language, conseguiram decodificar frases completas a partir de sinais cerebrais usando inteligência artificial.

Com uma precisão de até 80%, o estudo utilizou técnicas não invasivas como Magnetoencefalografia (MEG) e eletroencefalograma (EEG), oferecendo um novo caminho para interfaces cérebro-computador sem necessidade de cirurgias.

A pesquisa revelou como o cérebro transforma pensamentos em palavras, identificando o exato momento em que ideias viram linguagem. Entre outros avanços, isso pode revolucionar tratamentos para pessoas que perderam a fala devido a lesões cerebrais.

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RELACIONAMENTOS

Como memórias de relações antigas moldam o amor do presente

Nossos relacionamentos passados deixam marcas profundas, influenciando a forma como vivemos o amor no presente. Desde o primeiro namoro até um casamento duradouro, todas as experiências amorosas ajudam a construir padrões de comportamento e expectativas emocionais.

Segundo a neuropsicóloga Andrea Lorena Stravogiannis, nossas vivências infantis e familiares moldam a maneira como nos conectamos com os outros. A teoria do apego, de John Bowlby, explica que quem desenvolve um apego seguro tende a viver relações mais saudáveis, enquanto experiências traumáticas podem gerar insegurança e desconfiança.

A nostalgia pode ser positiva, trazendo aprendizados, mas a idealização excessiva do passado pode ser um obstáculo. “Quem fica preso ao que foi não abre espaço para o novo”, alerta Stravogiannis.

Para ressignificar essas memórias, terapia e novas experiências são aliadas. Pode ser útil afastar estímulos ligados à ex-parceria e investir em outras conexões e interesses. A psicanalista Ana Suy destaca que superar um relacionamento exige elaborar o luto emocional, sem pressa de substituí-lo. “Cada vez que elaboramos um luto, ganhamos casca e recursos para viver novas histórias”, conclui Suy.

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