Sexta, 25 de julho.

Em 2016, um terço da população brasileira com 10 anos ou mais não usava internet. O dado caiu para 10,9% em 2024, mas ainda são mais de 20 milhões de pessoas fora da rede. A exclusão digital, hoje, tem rosto: é mais velha, com baixa escolaridade e pouco acesso à informação.

E mais: microdramas conquistam o Brasil com tramas verticais e ritmo intenso, como transformar apostas em política pública, livros para quem vai virar avó ou avô. Sextou com o Zat!

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ENTRETENIMENTO

Microdramas conquistam o Brasil com tramas verticais e ritmo intenso

Histórias curtas, filmadas na vertical e pensadas para o celular: esse é o segredo dos microdramas, novo formato audiovisual que virou febre nas redes. A série A Vida Secreta do Meu Marido Bilionário, primeira produção brasileira no app ReelShort, já ultrapassou 400 milhões de visualizações em países de língua portuguesa desde maio.

Com episódios de até dois minutos, o romance entre Nathália e Sebastião — um casamento por contrato que vira amor verdadeiro — mistura o estilo das telenovelas ao consumo rápido dos vídeos curtos. A série adapta para o Brasil uma trama já testada em outros países e usa estética maximalista, ganchos a cada cena e atores carismáticos.

Fenômeno global, o microdrama surgiu na China e movimenta bilhões por ano. O ReelShort, principal app do gênero, soma 2 bilhões de views mensais e atrai grandes estúdios. “O público brasileiro respondeu de forma imediata”, diz a produtora Katharine Albuquerque.

LOTERIAS SOCIAIS

Como transformar apostas em política pública?

Pedro Fernando Nery, economista e professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), propõe o uso de loterias como incentivo a comportamentos sociais positivos, em vez de apenas coibir os chamados “jogos de azar”. Em artigo recente, Nery resgata exemplos internacionais para sustentar a ideia de que mecanismos de sorteio podem funcionar como ferramenta de política pública com baixo custo fiscal.

Na Suécia, motoristas que respeitam os limites de velocidade podem participar de uma loteria financiada pelas multas dos que excedem. Nos Estados Unidos e na África, existem loterias vinculadas à poupança, premiando quem economiza regularmente. O Brasil já tem ações semelhantes, como os sorteios da Nota Fiscal Paulista e o projeto de lei do Estatuto da Poupança, proposto pelo senador Confúcio Moura (MDB-RO), que prevê prêmios para bons pagadores.

Nery sugere que programas de incentivo com sorteios poderiam ser aplicados em outras áreas: oferecer prêmios para participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com chances proporcionais à nota, ou sortear enxovais para gestantes que fazem o pré-natal.

Com o crescimento dos jogos online como o “jogo do tigrinho”, ele defende que o país aproveite esse traço cultural para estimular cidadania por meio do desejo de sorte, em vez de apenas combater o fenômeno.

ACESSO À INTERNET

Brasil ainda tem 20,5 milhões de pessoas desconectadas

Apesar da expansão do acesso à internet no Brasil, 20,5 milhões de pessoas de 10 anos ou mais ainda não se conectaram à rede, segundo dados de 2024 do IBGE divulgados esta semana. O grupo representa 10,9% da população nessa faixa etária — o menor índice da série histórica, iniciada em 2016.

A maioria dos desconectados é formada por idosos: mais de 10,7 milhões têm 60 anos ou mais. O perfil médio reúne ainda pessoas com baixa escolaridade: 73,4% não completaram o ensino fundamental. Os principais motivos para não acessar a internet foram não saber usar (45,6%) e não ver necessidade (28,5%).

A região Sudeste concentra o maior número de pessoas offline (8,6 milhões), seguida pelo Nordeste (6,5 milhões).

Por outro lado, o total de brasileiros conectados cresceu para 168 milhões, ou 89,1% da população de 10 anos ou mais. O celular segue como o principal meio de acesso: 98,8% dos usuários usaram o aparelho para navegar em 2024. O número de pessoas sem celular também caiu, passando de 23,2 milhões para 20,9 milhões.

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LEITURA AFETIVA

7 livros para quem vai virar avó ou avô

A chegada de um neto é sempre transformadora — e pode ser um ótimo momento para refletir sobre esse novo papel. Mais do que ajudar a cuidar, os avós podem ser grandes fontes de afeto, memória e inspiração. Confira esta seleção de livros que convidam ao diálogo entre gerações:

1. As Mais Belas Coisas do Mundo (Biblioteca Azul, 2019)
Valter Hugo Mãe narra as memórias de um avô sábio, reconstituídas por seu neto. Um livro delicado sobre ternura, afeto e curiosidade.

2. Ojiichan (Fósforo, 2024)
Oscar Nakasato retrata a velhice na comunidade nipo-brasileira com sensibilidade, mostrando os desafios e a beleza da terceira idade.

3. Coisas Presentes Demais (Relicário, 2025)
Flávia Péret explora o Alzheimer e o reencontro afetivo entre neta e avó em um romance delicado sobre memória.

4. Minha Avó e Seus Mistérios (Rocco, 2019)
Frei Betto relembra as lições de vida da avó Maria Zina, com toques de espiritualidade e ternura.

5. Foi Vovó que Disse (Edelbra, 2015)
Daniel Munduruku celebra a sabedoria ancestral e o papel dos mais velhos na tradição indígena.

6. Toda Ruga Tem uma História (Companhia das Letrinhas, 2024)
David Grossman transforma as rugas do avô em narrativas cheias de afeto e memória, em livro ideal para ser lido com os netos.

7. Como a Nossa Vida É Linda (Sextante, 2022)
Nascido de um projeto familiar, o livro une aquarelas e textos em uma celebração do vínculo entre avós e netos.

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