Quarta, 25 de dezembro.

O ócio anda cada vez mais raro, e a novidade já não traz tanto prazer. Isso tem gerado um impacto curioso no comportamento dos consumidores: a neofobia, ou aversão à novidade. Essa resistência é um efeito direto do uso intenso dos celulares e redes sociais, que bombardeiam nosso cérebro sem descanso, e tem impactado principalmente os consumidores mais jovens. Confira nesta edição.

E mais: Tinder muda estratégia após previsão de estagnação, a obsessão do Vale do Silício pela longevidade, BMW vende carros de luxo para Rússia mesmo com sanções, a ciência comprova que o altruísmo faz bem. Vem com o Zat!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min53s

NEOFOBIA

A aversão ao novo que molda o comportamento dos consumidores

Em um mundo hiperconectado, onde o excesso de informações domina o cotidiano, um fenômeno curioso vem ganhando espaço: a neofobia, ou aversão ao novo. Esse comportamento, antes associado à recusa de crianças a novos alimentos, agora define uma tendência de consumo impulsionada pela exaustão digital.

Monique Machado, 20, é um exemplo dessa realidade. Trabalhando em uma loja online e sempre conectada às redes sociais, ela confessa: “Depois de tantas novidades na internet, quero algo básico na vida real, como ir ao mesmo restaurante e pedir o mesmo prato.”

Especialistas apontam que a hiperconexão e o cansaço mental deixam os consumidores menos inclinados a explorar. Rafael Araujo, da WGSN, explica: “O ciclo de tendências está tão acelerado que o novo perdeu seu brilho inédito.”

Além disso, crises globais aumentam o desejo por segurança, reduzindo o apetite ao risco. Felipe Wasserman, professor da ESPM, destaca: “O excesso de informação tornou o desejo por novidades menos atraente.”

Para Letícia Vaz, especialista em varejo, o futuro aponta para estratégias que misturem inovação com nostalgia, como relançamentos que remetam a “tempos dourados” ou experiências que incentivem o desconectar, como jogos e hobbies offline.

MERCADO DE RELACIONAMENTOS

Dona do Tinder muda estratégia após previsão de estagnação

A Match Group, controladora do aplicativo de relacionamentos Tinder, anunciou uma mudança significativa em sua estratégia de negócios. Segundo Faye Iosotaluno, CEO da empresa, o foco será melhorar a experiência do usuário em vez de priorizar a monetização agressiva.

A decisão vem após projeções indicarem estagnação nas receitas até 2026, com retomada modesta de 2,8% em 2027. A empresa perdeu US$ 41 bilhões em valor de mercado desde 2021.

Para reverter o cenário, o Tinder implementará novas funcionalidades baseadas em inteligência artificial e regras mais rígidas para perfis.

Enquanto isso, o Hinge, outro app do grupo, emerge como estrela em ascensão, com projeção de crescimento de 25% para 2025 e planos de expansão para América Latina, incluindo Brasil e México. O Hinge também é um app de relacionamentos, mas focado em ajudar as pessoas a encontrarem relacionamentos sérios, em vez de apenas encontros casuais. O slogan do app já resume bem: "Designed to be deleted" (ou "Feito para ser apagado").

A Match Group também anunciou medidas para atrair investidores, como o pagamento de dividendos trimestrais (parte do lucro distribuído aos acionistas) e recompra de ações, estratégia que ajuda a valorizar os papéis da empresa.

BIOHACKING

A obsessão do Vale do Silício pela longevidade

Bryan Johnson, milionário do setor de tecnologia, embarcou em mais um capítulo de sua jornada para reverter o envelhecimento: uma terapia genética experimental em Próspera, uma “cidade-startup” localizada na ilha de Roatán, Honduras. Este enclave, criado com base em uma lei de 2013, permite que empresas ignorem regulações rígidas como as da FDA, atraindo investidores como Peter Thiel, Marc Andreessen e Sam Altman.

Johnson, famoso por suas práticas de "biohacking", que incluem desde suplementos até a transfusão de plasma de seu filho adolescente, aposta em tratamentos inovadores, como a terapia genética com follistatina, projetada para aumentar a massa muscular. Ele afirma que seu músculo cresceu 7% e celebra aniversários a cada 19 meses, em vez de 12.

Apesar do entusiasmo, a comunidade científica mantém ceticismo. Um estudo recente da empresa Minicircle, responsável pela terapia, foi criticado por falta de controle adequado e dados inconsistentes. Especialistas alertam para os riscos de terapias genéticas não regulamentadas, incluindo mutações celulares e até morte.

Além de Johnson, outros nomes de peso no Vale do Silício, como Thiel e Altman, também investem milhões na busca por vida prolongada, explorando desde hormônios de crescimento até drogas antidiabetes.

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SAÚDE E BEM-ESTAR

Cientistas comprovam: ajudar os outros faz bem para a saúde

Fazer o bem não é apenas bom para quem recebe - a ciência comprova que o altruísmo beneficia significativamente a saúde e o bem-estar de quem pratica boas ações.

"Encontrar alegria em ajudar os outros é fundamental para quem somos como espécie", afirma Elizabeth Dunn, professora de psicologia da Universidade da Colúmbia Britânica. Um estudo com 8 mil participantes comprovou que pessoas que gastam tempo ou dinheiro com outros são mais felizes que aquelas que focam apenas em si.

Segundo Abigail Marsh, professora da Universidade de Georgetown, até pequenos atos de bondade trazem benefícios surpreendentes, reduzindo dor física, diminuindo sintomas de depressão e aumentando a satisfação com a vida por até dois meses. O altruísmo também estimula áreas cerebrais ligadas ao prazer e recompensa.

Os especialistas recomendam começar com pequenas ações locais e não se sentir culpado por experimentar satisfação ao ajudar os outros.

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