Quarta, 26 de fevereiro.

Em um passo decisivo contra o consumismo desmedido, a União Europeia estabelece novas regras que transformarão dois setores críticos: alimentos, onde 60 milhões de toneladas são desperdiçadas anualmente, e vestuário, com 12,6 milhões de toneladas de têxteis descartados. Confira nesta edição.

E mais: como o intestino influencia sua saúde mental, querer ser chefe não significa saber liderar, como "desabituar" o cérebro e evitar situações que nos fazem mal. Vamos nessa!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min51s

SUSTENTABILIDADE E REGULAÇÃO

União Europeia impõe regras históricas contra fast fashion e desperdício de alimentos

A União Europeia fechou um acordo pioneiro para combater o desperdício em dois setores cruciais: alimentos e vestuário. As novas regras, que aguardam aprovação formal do Parlamento Europeu e do Conselho, estabelecem metas ambiciosas e responsabilidades inéditas para empresas que operam no continente.

O acordo determina que os estados membros reduzam o desperdício alimentar em 30% per capita no varejo, restaurantes e residências até 2030, além de 10% na fabricação e processamento. A indústria alimentícia da UE, que gera 60 milhões de toneladas de resíduos anualmente, será obrigada a facilitar a doação de alimentos não vendidos mas próprios para consumo.

No setor têxtil, que contribui com 12,6 milhões de toneladas de resíduos por ano, as mudanças são ainda mais dramáticas. Todos os produtores, incluindo plataformas de e-commerce estrangeiras, deverão financiar a coleta, triagem e reciclagem de seus produtos através de esquemas de REP (Responsabilidade Estendida do Produtor). A REP é um princípio que obriga empresas a assumirem responsabilidade pelo ciclo de vida completo de seus produtos, mesmo após o uso pelo consumidor.

A medida atinge diretamente o modelo de negócios da moda ultrarrápida, com custos de conformidade mais elevados para empresas que produzem itens descartáveis em massa. O prazo para adequação é de 30 meses após a implementação da diretiva, com 12 meses adicionais para pequenas empresas.

O grupo Zero Waste Europe criticou a timidez das metas para a indústria alimentícia, que ficaram abaixo do compromisso da ONU de reduzir o desperdício em 50%.

INTESTINO-CÉREBRO

O "segundo cérebro": como o intestino influencia sua saúde mental

Pesquisas científicas revelam conexões cada vez mais sólidas entre a microbiota intestinal e o funcionamento do sistema nervoso central, estabelecendo o chamado Eixo Intestino-Cérebro.

O microbioma intestinal, conjunto de trilhões de microrganismos e seus genes que habitam o trato gastrointestinal, possui mais de 22 milhões de genes identificados, contra apenas 23 mil do genoma humano.

Alterações nesse sistema têm sido consistentemente documentadas em diferentes transtornos neuropsiquiátricos como TDAH, autismo, depressão e doenças neurodegenerativas, embora ainda se investigue se essas relações são causais ou apenas correlacionais.

Os ácidos graxos como o butirato, produzidos pela microbiota, atuam como moduladores neuroprotetores e anti-inflamatórios, influenciando a produção de neurotransmissores e neurotrofinas (proteínas que auxiliam no desenvolvimento e sobrevivência dos neurônios).

Intervenções focadas em diferentes alvos dentro do Eixo Intestino-Cérebro emergem como novas possibilidades terapêuticas, incluindo o uso de prebióticos, probióticos e transplante de microbiota fecal, além de dieta baseada em vegetais e mudanças no estilo de vida.

MITO CORPORATIVO

Querer ser chefe não significa saber liderar

Pesquisa com 450 executivos conduzida pela Escola de Pós-Graduação em Administração de Empresas de Stanford mostra que ambição não equivale à capacidade de gestão efetiva.

O estudo aponta que "indivíduos altamente ambiciosos apresentam de quatro a dez vezes mais probabilidade de acreditar que têm capacidade de liderar", mas as avaliações das equipes mostram discrepância significativa.

A lacuna de percepção foi observada em sete das dez competências avaliadas, revelando potencial inexplorado entre profissionais que não buscam ativamente posições de comando.

Especialistas em recursos humanos sugerem modelos de carreira em Y, permitindo que especialistas técnicos tenham reconhecimento sem necessariamente liderar equipes.

A pesquisa recomenda o uso de avaliações 360 graus e a criação de oportunidades para funcionários demonstrarem habilidades além de suas funções atuais, possibilitando identificar talentos de liderança que normalmente não se autopromoveriam.

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MENTE E EMOÇÕES

Como "desabituar" o cérebro e evitar situações que nos fazem mal

Nosso cérebro tem um mecanismo chamado habituação: deixamos de perceber estímulos constantes, como o barulho do trem ou o cheiro do café. Isso nos ajuda a conservar energia, mas também pode nos tornar insensíveis a situações prejudiciais.

Se a situação está presente na nossa rotina há algum tempo, nos habituamos com ela para o bem ou para o mal. A neurocientista Tali Sharot, da University College London, explica que esse fenômeno pode nos fazer ignorar relações tóxicas, perder a empolgação com coisas boas e deixar de ver a graça nos detalhes do dia a dia. Mas há um truque: tomar distância.

Afastar-se, mesmo que brevemente, pode ajudar a enxergar melhor o que nos faz bem e o que anda incomodando. Um exemplo? As redes sociais. Muitos só percebem seu impacto negativo depois de uma pausa. Outros voltam a valorizar um relacionamento ou algum detalhe de sua rotina após uma viagem.

O segredo para "desabituar" o cérebro? Quebrar a rotina, sair do automatismo, mudar o ambiente e fazer pausas estratégicas. Isso nos ajuda a valorizar o que realmente importa.

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