Quarta, 26 de março.

Pesquisa do Instituto Datafolha revela o aumento da insegurança nas grandes cidades brasileiras, enquanto autoridades divergem sobre as responsabilidades. Com 46 mil mortes violentas em 2023, o país figura entre os mais violentos do mundo. Confira nesta edição.

E mais: PF repatria bebê brasileiro vítima de tráfico internacional, filtro controverso no TikTok alimenta debate sobre gordofobia, a ciência por trás da adoção de novos hábitos. Vamos nessa!

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VIOLÊNCIA URBANA

Debate sobre segurança pública escancara falhas do Estado

Com a taxa de 22,8 mortes violentas por 100 mil habitantes em 2023, o Brasil enfrenta um novo pico de insegurança pública. A escalada da violência, impulsionada por organizações criminosas, pressiona o governo federal por respostas.

Enquanto o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, propõe uma nova PEC da Segurança Pública, governadores resistem, temendo que a medida enfraqueça sua autonomia sobre a segurança pública. O Congresso Nacional analisa oito projetos complementares, mas especialistas criticam o descompasso entre discurso e prática.

Para a desembargadora Ivana David (TJ-SP), esta é a pior crise em 30 anos. Ela responsabiliza o Estado e critica a transferência de culpa para a polícia e o Judiciário. A solução, segundo ela, passa por inteligência, tecnologia e um enfrentamento direto ao crime organizado.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública alerta que o problema central está na ineficiência do Estado e no fortalecimento das organizações criminosas estruturadas. Fatores como políticas de urbanização inadequadas, corrupção governamental e profunda desigualdade social agravam a situação.

Pesquisadores do Observatório das Metrópoles reforçam que, sem inteligência policial, combate à corrupção e redução das desigualdades nas periferias, o ciclo da violência continuará se repetindo.

TRÁFICO DE PESSOAS

PF repatria bebê brasileiro vítima de tráfico internacional

A Polícia Federal (PF) resgatou e repatriou um bebê brasileiro de 1 ano e 4 meses que havia sido levado para Portugal em um esquema de tráfico internacional de pessoas. A criança foi entregue a uma instituição de acolhimento em Valinhos (SP), conforme determinação judicial.

O caso foi descoberto em 2023, quando a Promotoria de Justiça de Valinhos recebeu denúncias sobre um esquema de tráfico de crianças da região de Campinas para a Europa. O bebê foi levado para Portugal com documentos falsificados, mas uma investigação da PF em Campinas localizou a criança em território português.

A operação envolveu a cooperação entre as polícias brasileira e portuguesa. Durante o processo, o bebê foi acolhido por uma família portuguesa até a confirmação de sua identidade. Após a decisão da Justiça portuguesa, foi organizada a repatriação ao Brasil na chamada Operação Pérola.

O caso reforça a importância do combate ao tráfico de pessoas, em conformidade com o Protocolo de Palermo, do qual o Brasil é signatário.

POLÊMICA

Filtro controverso no TikTok alimenta debate sobre gordofobia

O novo filtro de inteligência artificial que simula ganho de peso no TikTok está no centro de uma crescente polêmica entre usuários da plataforma.

Apelidado de "chubby filter", a ferramenta viral tem gerado milhares de vídeos onde pessoas exibem transformações de "antes e depois" com tom humorístico.

A controvérsia intensificou-se quando diversos usuários passaram a denunciar o filtro como uma forma de gordofobia e pediram sua remoção da plataforma.

Muitos relatam terem até mesmo deletado o aplicativo devido ao impacto negativo em sua autoimagem.

Até o momento, o TikTok ainda não se manifestou sobre o caso.

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CIÊNCIA COMPORTAMENTAL

Quanto tempo levamos para criar novos hábitos?

Novos hábitos necessitam de pelo menos dois meses para se enraizarem na rotina, podendo levar até um ano para se consolidarem, revela pesquisa publicada na revista científica Healthcare. A meta-análise de 20 estudos (2008-2023) com mais de 2.600 participantes contradiz a crença popular dos 21 dias para formação de comportamentos automáticos.

O cérebro humano resiste naturalmente a mudanças, interpretando-as como possíveis ameaças, mesmo quando benéficas. Esta resistência neurológica explica por que muitas pessoas abandonam novas práticas antes que se tornem automáticas.

A técnica dos micro-hábitos, difundida pelo pesquisador B.J. Fogg, oferece uma estratégia eficaz: iniciar com pequenas ações ancoradas em rotinas já existentes. Especialistas destacam a importância de celebrar pequenas conquistas e buscar apoio social durante o processo.

A chave do sucesso está em ter um propósito claro e desenvolver estratégias realistas que minimizem obstáculos à mudança comportamental.

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