Segunda, 26 de maio.

Herança pode ser um presente… ou um peso, ao menos para uma nova geração de jovens ricos que está recorrendo a coaches financeiros para aprender como doar fortunas de forma consciente e aliviar a culpa de pertencer ao 1%. Confira nesta edição.

E mais: novo marco da EAD reacende debate sobre o papel da presença na educação superior, Brasil vira base de espionagem russa e PF desmonta operação secreta, os sinais e os custos de uma liderança tóxica. Começando a semana com o Zat!

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EDUCAÇÃO & FUTURO DO TRABALHO

Novo marco da EAD reacende debate sobre o papel da presença na educação superior

Uma semana após o governo federal endurecer as regras para o ensino a distância (EAD) no Brasil, o setor ainda repercute os impactos do novo marco regulatório. O decreto proíbe que cursos como Medicina, Direito, Enfermagem, Psicologia e Odontologia sejam oferecidos no modelo EAD, diante de preocupações com a qualidade da formação.

Outros cursos da área da Saúde, como Fisioterapia, Farmácia e Biomedicina, além das Licenciaturas, entram na categoria semipresencial, podendo ter até 50% da carga horária online. A área de Engenharia, antes cotada para restrições, ficou fora da lista, mantendo aberta a possibilidade de ser oferecida majoritariamente a distância.

As novas regras também determinam que todos os cursos EAD façam avaliações presenciais e que os polos de apoio contem com infraestrutura mínima, como salas de estudo, internet de qualidade, biblioteca e suporte técnico e pedagógico aos alunos. Além disso, há limite de 70 estudantes por turma nas atividades síncronas — uma tentativa de frear o modelo de ensino massificado que se consolidou nos últimos anos.

O decreto, assinado pelo presidente Lula, é visto como uma resposta direta às críticas sobre a precarização da formação em cursos 100% online, especialmente na área da saúde. E o contexto ajuda a entender a decisão: desde 2017, o número de ingressantes no ensino superior EAD disparou quase 700%, superando pela primeira vez, em 2022, o volume de matrículas no ensino presencial.

Apesar da resistência de algumas instituições, representantes do setor privado consideraram o marco um avanço, por trazer mais segurança jurídica e previsibilidade para as faculdades. A avaliação geral é que o governo preferiu reorganizar o setor — hoje alvo de questionamentos no Congresso, no Ministério Público e no próprio MEC — sem eliminá-lo. As instituições terão dois anos para se adequar às novas exigências.

INVESTIGAÇÃO INTERNACIONAL

Brasil vira base de espionagem russa e PF desmonta operação secreta

Durante anos, espiões russos de elite usaram o Brasil como ponto de partida para assumir identidades falsas e atuar em missões na Europa, EUA e Oriente Médio. Eles abriram empresas, tiveram relacionamentos e usaram brechas no sistema civil brasileiro para obter documentos legítimos.

As ações desses agentes vão além: ajudaram a abater um avião comercial em 2014, interferiram em eleições em países ocidentais e até envenenaram opositores.

A chamada “Operação Leste”, da Polícia Federal, identificou ao menos nove agentes russos com cidadania brasileira forjada. O caso mais emblemático é o de Sergey Cherkasov, preso por uso de documentos falsos. Já Artem Shmyrev, empresário no Rio, fugiu pouco antes de sua identidade ser descoberta.

A resposta brasileira incluiu alertas na Interpol e cooperação com serviços de inteligência de ao menos oito países.

MILHÕES EM JOGO

Por que jovens ricos estão doando suas fortunas

A “grande transferência de riqueza” já começou — e parte dos herdeiros da Geração Z e millennials está decidindo doar boa parte de suas fortunas.

Para esses jovens, herdar milhões não traz só conforto, mas também culpa e desejo de responsabilidade social. Nesse cenário, surgem os coaches financeiros, profissionais que misturam orientação financeira e apoio emocional. Eles ajudam esses jovens a lidar com o peso do privilégio e a redistribuir dinheiro de forma ética e significativa.

Organizações como a Resource Generation reúnem jovens de 18 a 35 anos com acesso à riqueza para debater justiça econômica, racial e ambiental. Entre os clientes, há um perfil que se repete: jovens progressistas, muitas vezes mulheres e pessoas LGBTQIA+, que querem evitar ser parte do problema da desigualdade.

“Alguns dizem: ‘Tirem isso de mim’”, conta uma das coaches. Ao mesmo tempo, a pressão social, a visibilidade das fortunas nas redes sociais e a crescente raiva de classe impulsionam esse movimento.

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GESTÃO QUE MACHUCA

Os sinais e os custos de uma liderança tóxica 

Lideranças tóxicas não prejudicam só o clima — elas corroem resultados, inovação e saúde mental. Segundo o headhunter Ricardo Basaglia, os sinais aparecem quando há controle excessivo, microgestão, falta de empatia, comunicação agressiva e ambientes marcados pelo medo e pela desconfiança.

A consequência é clara: pessoas param de se desenvolver, se calam, deixam de sugerir, e o turnover dispara. Dados mostram que empresas americanas perdem US$ 50 bilhões ao ano por conta desse desgaste. E mais de 90% dos executivos acreditam que ambientes tóxicos comprometem diretamente o desempenho financeiro.

Millennials são os mais afetados, enquanto a Geração Z demonstra menos tolerância e sai mais rápido desses ambientes. Já as gerações anteriores, embora mais resilientes, também vêm repensando seus limites.

Quando o estresse vira rotina e não há mais espaço para crescimento, sair deixa de ser fraqueza — vira um ato de autocuidado. Para Basaglia, prevenir começa pela escolha dos líderes certos, capazes de unir resultado e empatia.

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