Terça, 26 de agosto.

Buffets de café da manhã simbolizam fartura, mas também geram desperdício — em média, 300 gramas de comida por pessoa, mais que o dobro de refeições servidas no prato, segundo a ONU. Algumas redes de hotéis já buscam alternativas. Confira nesta edição.

E mais: o impacto do ambiente digital na saúde mental e social de meninos, Brasil paga supersalários a políticos e juízes, a ciência sugere um terceiro caminho para construir uma vida boa. Vem com o Zat!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min56s

DESAFIO ADOLESCENTE

O impacto do ambiente digital na saúde mental e social de meninos

Em meio a discursos públicos sobre sensibilidade e igualdade, adolescentes do sexo masculino enfrentam um cenário contraditório: são incentivados a serem empáticos, mas continuam imersos em ambientes digitais que valorizam dominação, agressividade e misoginia. O resultado é preocupante — e documentado por dados.

Segundo o Instituto Promundo, 48% dos meninos já tiveram contato com conteúdo misógino online. A SaferNet aponta um crescimento de 58% nas denúncias de discurso de ódio contra mulheres em um único ano, com adolescentes como principais consumidores e replicadores.

Esse padrão de comportamento é incentivado por referências em redes sociais, pornografia e jogos, que reforçam estereótipos. Segundo a UNESCO, essa exposição precoce está ligada à normalização da violência de gênero.

E o impacto vai além: meninos são as maiores vítimas de suicídio e violência letal no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O problema não se resolve apenas com leis, segundo a juíza Vanessa Cavalieri, mas com mudança cultural e educação socioemocional nas escolas.

Iniciativas como grupos reflexivos e protocolos restaurativos têm mostrado resultados positivos.

A discussão sobre o que é masculinidade e discurso de ódio entre adolescentes envolve disputas culturais e gerações diferentes. Pesquisadores alertam para a complexidade do tema e sugerem abordagens educativas, e não punitivas.

DESIGUALDADE PÚBLICA

Brasil paga supersalários a políticos e juízes, revela estudo

O Brasil está entre os países com maior disparidade salarial entre representantes públicos e a população, segundo o Índice de Disparidade Salarial 2025, elaborado pelo Livres, grupo dedicado ao liberalismo econômico.

A pesquisa mostra que políticos e juízes federais brasileiros recebem, em média, 22 vezes mais que a renda per capita nacional, que foi de R$ 2.069 em 2024, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O presidente da República e deputados federais ganham até R$ 44 mil, enquanto juízes superaram esse teto com benefícios — em casos extremos, atingindo R$ 444 mil.

Em comparação, no Chile, o presidente recebe 13,7 vezes a renda média da população; na Argentina, 9,2 vezes.

DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS

Está na hora de repensar o buffet de café da manhã de hotel?

Símbolo de abundância na hotelaria, os buffets de café da manhã também são grandes responsáveis pelo desperdício de alimentos.

Segundo o Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024, da ONU, 1,05 bilhão de toneladas de comida foram jogadas fora no mundo no ano passado, e 28% vieram de serviços de alimentação. Buffets geram, em média, mais que o dobro de desperdício em relação a refeições servidas no prato — 300 gramas contra 130 gramas.

O problema vai além da perda de comida: também significa gasto desnecessário de terra, água, energia e trabalho, além da emissão de gases de efeito estufa. Por isso, redes internacionais têm adotado mudanças.

O Hilton Frankfurt, por exemplo, passou a servir frutas e iogurtes em porções individuais; hotéis Ibis utilizam pratos menores, e unidades do Novotel exibem avisos convidando hóspedes a se servir apenas do que conseguirem comer.

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BEM-ESTAR

Como construir uma vida boa? A ciência sugere um terceiro caminho

O que faz uma vida valer a pena? Pesquisadores há décadas destacam duas respostas principais. A primeira é a vida feliz: marcada por prazer, conforto e mais alegria do que tristeza. A segunda é a vida significativa: sustentada por propósito, conexões e esforços para melhorar o mundo.

Nos últimos anos, uma terceira via ganhou força: a vida psicologicamente rica. Nesse modelo, o que importa não é apenas sentir-se bem ou ter propósito, mas viver experiências inéditas e transformadoras, ainda que tragam desconforto e desafios. Viagens, encontros marcantes, livros, mudanças de perspectiva ou superações pessoais podem compor esse caminho.

“Queríamos capturar tipos mais exploratórios, aventureiros e criativos de boa vida”, explica Shigehiro Oishi, psicólogo da Universidade de Chicago que cunhou o conceito. Para ele, felicidade é como a média de rebatidas de um jogador: sobe e desce conforme as circunstâncias. Já a riqueza psicológica se assemelha aos melhores lances de uma carreira — os momentos que ficam na memória.

Pesquisas mostram que pessoas mais abertas e curiosas tendem a buscar esse tipo de vida. Ela se associa a maior resiliência, ainda que nem sempre seja “feliz”. Afinal, toda boa história envolve um desafio.

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