Quinta, 26 de dezembro.

Com o avanço da tecnologia e o isolamento social em tempos recentes, a relevância do "third place" é frequentemente discutida, especialmente como uma alternativa para reconectar as pessoas em um mundo cada vez mais digital. Esse “terceiro lugar” tem características como neutralidade, acessibilidade e espontaneidade: a interação ocorre de forma natural e sem grandes planejamentos. Descubra mais nesta edição.

E mais: como a música molda as marcas de luxo, o impacto da leitura na vida de mulheres presas, o que os terapeutas sexuais querem que você saiba. Vamos nessa!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min54s

ANÁLISE SOCIAL

Por que precisamos de um terceiro lugar para viver melhor

O conceito de third place, ou terceiro lugar, cunhado pelo sociólogo americano Ray Oldenburg em seu livro The Great Good Place (1989), ganhou nova relevância após a pandemia de Covid-19 ter alterado as fronteiras entre os espaços de convivência.

O terceiro lugar é definido como um ambiente além da casa (primeiro lugar) e do trabalho (segundo lugar), destinado à socialização. Estes três pilares são considerados essenciais para a saúde física e mental das pessoas, já que somos seres sociais que precisam de interações além das demandas familiares e profissionais.

Sidartha Soria, professor de sociologia da Universidade Federal de Pernambuco, explica que o conceito parte da premissa de que somos seres sociais multidimensionais, que precisam de interações além das demandas familiares e profissionais.

Para ser considerado eficiente, o ambiente deve ser neutro, acessível e promover interações descontraídas. Historicamente, cumpriram esse papel lugares como cafés, praças, bares, bibliotecas, salões de beleza e de jogos, praias e parques.

No entanto, dois fatores têm desafiado essas divisões tradicionais: as redes sociais e o trabalho remoto. Especialistas alertam que as plataformas digitais não são substitutas adequadas para o terceiro lugar, pois podem gerar angústia e polarização, além de não proporcionarem conexões genuínas.

A solução, segundo pesquisadores, passa pela criação de espaços públicos seguros e acolhedores que incentivem a socialização, além da humanização dos ambientes de trabalho e acolhimento nos espaços domésticos.

O SOM DO DESEJO

Como a música molda as marcas de luxo

Entrar em uma loja Tom Ford durante as festas de fim de ano é mergulhar em uma experiência sensorial cuidadosamente planejada. Essa curadoria não é obra do acaso, mas da agência Gray V, especializada em branding musical, com três objetivos claros: convidar os clientes a permanecerem, conectar-se à identidade da marca e inspirar através das coleções.

O impacto da música vai além do ritmo: volumes mais altos aceleram as interações, enquanto melodias suaves prolongam a experiência. Para atrair públicos jovens, canções em alta no TikTok se misturam a clássicos revisitados, criando uma jornada sonora de descoberta.

No hotel Times Square Edition, a música guia os hóspedes do caos da rua a um ambiente sereno. Já na Tiffany & Co., a trilha sonora evita temas de desamor, refletindo a essência de celebração da marca.

A música, como o design, é parte vital da experiência de luxo. Seja inspirando a compra de um perfume ou conduzindo uma noite em um restaurante elegante, ela transforma cada espaço em uma narrativa cheia de intenção e encantamento.

ALÉM DAS GRADES

O impacto da leitura na vida de mulheres presas

No Instituto Penal Talavera Bruce, em Bangu, o projeto "História Além Muros" vem promovendo uma transformação significativa na vida de 130 mulheres em situação de privação de liberdade. Semifinalista do Prêmio Jabuti 2024, a iniciativa oferece uma sala de leitura equipada com pufes, almofadas e uma biblioteca, proporcionando um espaço de acolhimento e reflexão para as internas.

Desde 2021, mais de 300 mulheres participaram do projeto, que promove encontros três vezes por semana, mediado por educadoras, onde discutem livros, compartilham experiências e escolhem títulos para levar às celas.

As internas se aprofundam em obras de autores como Carla Madeira, Drauzio Varella e Geovani Martins, que têm grande popularidade no presídio. Para muitas, a leitura representa um retorno às emoções e à própria história. Como relata uma interna: "Aqui dentro a gente vai perdendo nossa essência. Os livros nos ajudam a trazer de volta sentimentos, memórias".

A sala de leitura se tornou um refúgio contra a ansiedade e o estresse diário. "É mais poderoso que um calmante", diz Ana Paula Leone, diretora do complexo. Para as participantes, esses momentos são essenciais para resgatar a identidade e a esperança, fundamentais para a reintegração social e emocional.

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SEGREDOS DE CONSULTÓRIO

O que os terapeutas sexuais querem que você saiba

Sexo e intimidade podem ser uma fonte de dúvidas e inseguranças, mas os especialistas no assunto têm alguns conselhos essenciais.

Um dos pontos mais repetidos é: esqueça os números. A frequência sexual não é o que define a saúde de um relacionamento. Como destaca Lori Brotto, psicóloga da Universidade da Colúmbia Britânica, “trabalhei com casais que fazem sexo diariamente e são infelizes, e outros que fazem três vezes por ano e são profundamente conectados.”

Além disso, talvez seja hora de repensar sua ideia de “sexo”. A famosa terapeuta Esther Perel sugere que sexo não é apenas uma ação, mas um lugar para onde você vai, explorando conexões emocionais e físicas. Para alguns, isso pode significar atualizar o “menu sexual” e priorizar o prazer em todas as formas, como aponta Candice Nicole Hargons.

Outro ponto importante é reconhecer os diferentes tipos de desejo. Nem todo mundo sente vontade espontaneamente; às vezes, o desejo é responsivo, surgindo com estímulos e toques. E sobre orgasmos? O clitóris merece atenção especial, já que muitas mulheres dependem de sua estimulação para alcançar o prazer.

Por fim, lembre-se: intimidade não precisa ser agendada como uma tarefa. Planeje momentos de conexão e deixe as coisas fluírem naturalmente. Afinal, a sexualidade é tão diversa quanto as pessoas.

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