Segunda, 28 de julho.

O Brasil é um dos países que mais usam inteligência artificial no mundo — e isso tem cobrado um preço do nosso cérebro. Segundo especialistas, o uso excessivo da IA pode levar ao chamado sedentarismo cognitivo, enfraquecendo a memória e reduzindo a criatividade. Confira nesta edição.

E mais: como o caos do trânsito afeta a saúde física e emocional, a obsessão global pelo matcha, por que algumas pessoas continuam motivadas mesmo com sobrecarga no trabalho. Começando a semana com o Zat!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min56s

MAL-ESTAR URBANO

Como o caos do trânsito afeta a saúde física e emocional

O estresse provocado pelo trânsito nas grandes cidades não é apenas um incômodo cotidiano: ele afeta diretamente a saúde mental, o que pode também afetar a saúde física. Segundo especialistas, barulhos intensos como buzinas, a imprevisibilidade do trajeto e o tempo perdido no deslocamento ativam no cérebro um estado constante de alerta, liberando cortisol e adrenalina em excesso.

Esse processo fisiológico, quando repetido diariamente, prejudica o humor, a concentração, o sono e aumenta a irritabilidade.

Além de motoristas, pedestres e ciclistas também sofrem com esse ambiente hostil. O medo de atropelamentos, a falta de infraestrutura adequada e o sentimento de insegurança contribuem para quadros de ansiedade e esgotamento mental. A sensação de impotência diante de congestionamentos recorrentes, somada à perda de autonomia, agrava o problema e alimenta a frustração.

Algumas medidas individuais ajudam a amenizar os impactos, como sair de casa com mais antecedência, ouvir músicas relaxantes ou audiolivros no trajeto, praticar respiração consciente e manter uma rotina com exercícios físicos e sono de qualidade.

No entanto, o cenário só muda de fato com soluções coletivas. Cidades como Copenhague, Amsterdã e Bogotá mostram que investir em transporte público eficiente, ciclovias seguras e mobilidade ativa melhora o humor da população e reduz sintomas de estresse. Empresas também têm um papel importante ao adotar modelos de horários flexíveis e benefícios voltados ao deslocamento, como transporte fretado.

SEDENTARISMO COGNITIVO

Quando usar inteligência artificial emburrece

A crescente dependência de inteligência artificial (IA) para tarefas simples pode estar enfraquecendo habilidades cognitivas básicas, segundo especialistas. O fenômeno é chamado de sedentarismo cognitivo, caracterizado pela menor ativação de áreas cerebrais responsáveis por memória, criatividade e atenção.

De acordo com Sergio Jordy, neurologista e membro da Academia Americana de Neurologia, confiar demais na IA pode reduzir a capacidade de resolver problemas e aumentar o risco de demência. Já um estudo do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) mostrou que usuários intensivos dessas ferramentas tiveram desempenho inferior em testes linguísticos e comportamentais.

No Brasil, que está acima da média mundial no uso de IA, segundo o Google e o Instituto Ipsos, o alerta é ainda mais urgente. A recomendação de especialistas inclui atividades que estimulem o cérebro, como leitura, escrita e jogos de raciocínio, além de pausas conscientes no uso de tecnologia.

BEBIDA EM ALTA

Demanda global por matcha gera escassez e aumento de preços

Do Starbucks no Reino Unido aos donuts em Singapura, o matcha virou febre global — impulsionado pelas redes sociais e pelo turismo crescente no Japão. A hashtag #MatchaTok acumula milhões de visualizações, enquanto cafeterias relatam estoques evaporando em dias.

Mas a popularidade tem um custo: a oferta não acompanha o ritmo. O matcha é feito com folhas de tencha, cultivadas à sombra e moídas lentamente em moinhos de pedra — um processo artesanal que produz apenas 40g por hora. O calor extremo em regiões como Kyoto tem prejudicado a colheita, agravando a escassez. Além disso, as tarifas de importação dos EUA sobre produtos japoneses elevaram ainda mais os preços.

Algumas lojas passaram a limitar a venda a uma lata por pessoa. Em Tóquio, os preços subiram cerca de 30% neste ano. Ainda assim, produtores comemoram o aumento da visibilidade internacional. A produção quase triplicou desde 2010, e as exportações cresceram 25% só no último ano.

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CARREIRA E EQUILÍBRIO

Como continuar motivado mesmo com sobrecarga no trabalho

É possível estar sobrecarregado e, ainda assim, manter a motivação e a eficácia? Para uma minoria de profissionais, sim. Um estudo liderado por Melissa Swift, especialista em gestão de pessoas, mostrou que cerca de 12% dos trabalhadores norte-americanos que se consideram sob pressão também se descrevem como produtivos e motivados.

Essa combinação rara tem até nome: são chamados de “flores do deserto” — pessoas que, mesmo em ambientes áridos, conseguem florescer.

Segundo Swift, esses profissionais não ignoram o estresse, mas desenvolvem estratégias para lidar com ele. Em comum, eles criam pequenas rotinas de autonomia, administram melhor as tarefas e aprendem a negociar consigo mesmos o que realmente precisa ser feito. A chave, segundo ela, não é fazer mais, mas fazer com mais clareza.

Ainda assim, especialistas alertam: esse estado de hiperfuncionamento não deve ser romantizado. A motivação, quando sustentada por tempo demais e sem períodos restauradores, pode virar exaustão até para os mais resilientes.

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