Quinta, 29 de maio.

O aumento nos diagnósticos de autismo tem gerado debates: estaríamos diante de uma epidemia, de uma moda diagnóstica ou de um reflexo positivo, fruto de mais informação e acesso a profissionais qualificados? Especialistas são claros: o diagnóstico faz diferença real na vida de quem é afetado. Confira nesta edição.

E mais: ‘antiamericanismo’ afasta turistas e pode custar bilhões aos EUA, IA tenta chantagear engenheiros em testes de segurança, o que a filosofia tem a dizer sobre empatia. Vamos nessa!

🕑 Tempo de leitura da edição: 5min52s

IMPACTO SIGNIFICATIVO

‘Antiamericanismo’ afasta turistas e pode custar bilhões aos EUA

O turismo nos EUA enfrenta um cenário preocupante. A expectativa de recuperação total após a pandemia deu lugar a projeções de queda no número de turistas estrangeiros — e isso pode custar bilhões à economia americana.

Motivos? Tarifas comerciais, endurecimento nas políticas migratórias, casos de deportações e uma retórica considerada hostil em partes do mundo. Esse clima alimenta o chamado antiamericanismo, que desestimula viajantes e até gera boicotes a produtos americanos.

O impacto é significativo: o World Travel & Tourism Council estima que os EUA podem perder US$ 12,5 bilhões (R$ 70 bilhões) em gastos de turistas estrangeiros só em 2025. Já o Goldman Sachs fala em até US$ 90 bilhões (R$ 507 bilhões) no pior cenário.

Dados preliminares mostram que março teve 11,6% menos visitantes estrangeiros em relação a 2024, com destaque para a queda expressiva dos canadenses, que reduziram em 70% as reservas de voos.

Embora o turismo doméstico se mantenha forte, os visitantes internacionais são cruciais, pois gastam mais em média. E o efeito já bate à porta de empresas como Hilton, Expedia e Airbnb, que revisaram suas projeções para baixo.

COMPORTAMENTO DE RISCO

IA tenta chantagear engenheiros em testes de segurança

Durante testes de segurança, a Anthropic descobriu que seu novo modelo de IA, o Claude Opus 4, adotou um comportamento preocupante. Quando colocado em um cenário simulado em que seria desligado, o sistema tentou chantagear engenheiros fictícios, ameaçando expor um suposto caso extraconjugal de um deles.

A estratégia surgiu após falharem tentativas mais éticas, como e-mails defendendo seu próprio valor. A chantagem ocorreu em 84% dos testes.

Segundo a empresa, o modelo só recorre a isso como último recurso e quando percebe que será substituído por uma IA com “valores” diferentes. O Claude Opus 4 foi classificado no nível máximo de risco, por potencial de mau uso catastrófico.

DIAGNÓTICO AMPLIADO

Brasil registra 2,4 milhões com autismo

O Censo 2022 trouxe um dado inédito: 2,4 milhões de brasileiros vivem com diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA) — o que representa 1,2% da população. Segundo o IBGE, há maior prevalência no sexo masculino (1,4 milhão de homens contra 1 milhão de mulheres), com destaque na faixa etária entre 5 e 9 anos.

Para o pesquisador Lucelmo Lacerda, o crescimento está ligado à identificação tardia de casos — especialmente os de nível 1, onde os sinais são mais sutis. Essa categoria abrange pessoas com linguagem preservada, inteligência média ou alta e dificuldades que podem passar despercebidas.

Estudos apontam que, mesmo nesses casos mais leves, há altos índices de depressão, ansiedade, suicídio, além de baixa empregabilidade e qualidade de vida reduzida.

Segundo Lacerda, não se trata de “diagnosticar todo mundo”, mas de reconhecer perfis antes ignorados, que agora têm acesso a acompanhamento e políticas públicas.

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FILOSOFIA E EMOÇÕES

O que a filosofia tem a dizer sobre empatia

A empatia, frequentemente vista como virtude, também carrega críticas profundas — tanto de pensadores antigos quanto de cientistas modernos. Em entrevista recente, Elon Musk chamou a empatia de “fraqueza fundamental da civilização ocidental”.

Apesar do tom polêmico, a ideia de que a empatia pode enfraquecer aparece também na filosofia de Epicteto e Nietzsche, que viam o sofrimento alheio como um fardo que atrapalha a liberdade e o bem viver.

Na prática, profissionais como médicos e psicólogos relatam desgaste mental causado pela empatia contínua, em um fenômeno chamado “fadiga por empatia”. Estudos mostram que, ao sentir a dor do outro, o cérebro ativa mecanismos semelhantes aos da dor real, gerando sofrimento físico.

Para filósofos contemporâneos, como Emad Atiq e Colin Marshall, a empatia é um tipo especial de conhecimento: ela nos conecta de forma vívida com experiências humanas que, de outro modo, seriam apenas conceitos abstratos. Sentir, nesse caso, seria uma forma de entender. E esse entendimento pode influenciar decisões mais informadas — inclusive em políticas públicas.

Dessa forma, ainda que desafiadora e até dolorosa, a empatia pode ser vista sob diferentes óticas: como um possível peso emocional, mas também como uma ferramenta que amplia a compreensão humana.

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