Edição de 31/05/2024 (v-L) (1)

🌞 Sexta-feira, 31 de maio, 2024

Como vão vocês, Zatters?

Escrevo enquanto como uma fornada de biscoito montanha-russa, a receita fácil e viciante que anda fazendo sucesso no TikTok. Quem aí já testou? A outra trend da rede é menos inofensiva: no feriado, vi por lá uma série de vídeos demonizando o cortisol – basicamente o hormônio do estresse seria o responsável por todos os problemas de saúde na humanidade. Conto essa história melhor aqui para vocês.

📰 E mais: na minha seleção de notícias de hoje, você vai ver que não é só você que anda meio cansado de política: a universidade de Harvard também se cansou e resolveu que não vai mais falar sobre o assunto. Mas como a política continua a toda, vocês viram que Trump foi considerado culpado da fraude para comprar silêncio de atriz de filme adulto? Ele entra para a história como o primeiro ex-presidente americano criminoso. Palavras dele, referindo-se à data das eleições: “Este foi um julgamento vergonhoso. O veredito real vai ser dado no dia 5 de novembro pelo povo”.

Ainda nesta edição: Por que tantas pessoas estão desistindo de ter filhos? Uma leitora, Mariana, dividiu com a gente os porquês de sua decisão de não ser mãe. Anda perdido no streaming e não sabe o que ver no fim do dia? Confira nossas sugestões. Vamos nessa?

🏃🧠 SAÚDE FÍSICA E MENTAL

O cortisol está por trás do seu cansaço?

Imagem: Getty Images

“O cortisol come o seu colágeno”, “Se você está cansado, com libido baixa ou alterações no cabelo e na pele, cuidado, os seus níveis de cortisol podem estar elevados”, e até mesmo “O cortisol derrete a sua cara”.

Depois de passar alguns (sempre frenéticos) minutos no TikTok, você pode esbarrar em um vídeo culpando o cortisol pela maioria dos males adquiridos do seu nascimento até agora. No Google Trends, a pergunta “Qual medicamento abaixa o cortisol?” cresceu 90% na última semana.

Eu estava com isso na cabeça quando topei com esta matéria da BBC explicando que não é bem assim. Afora o óbvio que nem sempre os vídeos das redes sociais mencionam – o cortisol é um hormônio vital para o organismo e, no mínimo, muito importante se você está fazendo alguma coisa que exija algum sangue nos olhos –, o fato de o cortisol ter capacidade de interferir no metabolismo, provocando em alguns casos cansaço, ganho de peso e ansiedade, não significa que um desequilíbrio em seus níveis seja responsável pelas queixas frequentemente citadas por TikTokers.

A alta concentração do hormônio no organismo tem nome, doença de Cushing, e afeta cerca de 40 a 70 pessoas em cada 1 milhão de indivíduos, de acordo com o serviço de saúde dos Estados Unidos. 

Se você anda muito cansado, ou com libido baixa, ou com alterações na pele ou cabelo, talvez a causa seja outra. Entre os motivos mais prováveis, está a má qualidade do sono. Pois é, isso a gente já sabe, nunca dá para fugir da importância do sono, da alimentação e das atividades físicas, Zatter. Na dúvida, procure um médico.

📉🫄 QUEDA NA TAXA DE NATALIDADE

Filhos: ter ou não ter

Foto: Shutterstock

Em artigo desta semana, Martin Wolf, comentarista-chefe do Financial Times, considerou a queda nas taxas de fecundidade um dos maiores desafios de nosso tempo. Com exceção da África subsaariana, a taxa de natalidade tem diminuído ao redor do globo, e as pirâmides populacionais familiares estão se invertendo: por exemplo, na Coreia do Sul, os homens entre 50 e 54 anos representam 4,3% da população, enquanto aqueles com idades entre 0 e 4 anos representam somente 1,5%.

Essa matéria da Folha de S. Paulo destaca que a média de filhos no Brasil em 1960 era de 6,3 por mulher, chegou a 2,9 em 1990 e, já em 2020, passou a 1,6. Vários fatores contribuem para essa queda, entre eles a urbanização, a maior participação da mulher no mercado de trabalho, a educação sexual e o planejamento familiar.

Eu me lembro de uma edição do programa Linhas Cruzadas, da TV Cultura, com o filósofo Luiz Felipe Pondé comentando que hoje é cada vez mais comum que as pessoas enxerguem os filhos como um ônus e não como um bônus. Sem julgamentos: mesmo quem aprecia muito a função de maternar ou paternar sabe que filhos dão trabalho, exigem paciência e tempo e envolvem gastos, e talvez isso não seja para todo mundo. Enquanto muitos entendem que ter filho é uma das melhores coisas da vida, o número crescente daqueles que escolhem não ter provavelmente deixará essa decisão cada vez mais socialmente aceita.

No fim desta edição, você confere o depoimento de uma leitora do Zat contando por que decidiu não ser mãe. E para você, como é essa questão? 

🌎 Giro pelo mundo

🇺🇸 Sentença só sai em julho. Trump é considerado culpado de fraude para comprar silêncio de atriz.

🤖 De acordo com estudo recente… Inteligência artificial já superou os humanos em fazer análises financeiras e sugerir estratégias de investimento mais lucrativas.

🤐 A neutralidade é positiva ou conveniente? A Universidade de Harvard anunciou que não fará mais declarações sobre assuntos políticos.

🍎 Depois de ser criticada por anúncio. Apple lança comercial com foco em criadores humanos.

🇮🇱 Pleito é previsto para 2026. Partido de ministro da Guerra de Israel pede eleições antecipadas. 

🎈 Com recheios provocativos. Por que a Coreia do sul e do norte jogam balões no território um do outro? 

🇧🇷 Giro pelo Brasil

📊 Nem estuda, nem trabalha. Revisão de dados indica recuo em número de jovens nem-nem.

🙏 O principal é conhecer a cidade. Datafolha: Paulistano minimiza religiosidade de candidato para definir voto.

🌧️ Não acabou. Mais de 626 mil pessoas ainda estão fora de casa no Rio Grande do Sul.

🏳️‍🌈 Vai gente do Brasil todo. Parada do orgulho LGBT+ será domingo agora em São Paulo.

O mês da chegada do inverno. Saiba o que esperar da temperatura e das chuvas no Brasil em junho.

☀️ Já que o assunto é clima. Gráficos atualizados mostram que o ano será marcante na trajetória da emergência climática.

🤓 Referência na área. Ita abre cursos gratuitos online de software e programação.

🥏 🎭 LAZER E CULTURA

Por que sair para jantar com desconhecidos

Imagem: myloview

Alessandra B, 34 anos, empresária, sentia falta de renovar o círculo social. “Parece que, quando o tempo vai passando, vai ficando mais difícil conhecer pessoas. E eu queria uma situação  mais natural, que não envolvesse balada ou bar”. Ela se inscreveu num aplicativo que conecta cinco pessoas desconhecidas com interesses em comum e reserva uma mesa de jantar para elas. Até agora, ela foi a três experiências e pretende continuar indo. “É ótimo para fazer novas amizades, networking e até dates, mas sem aquela pressão dos aplicativos de encontro”. Outra aspecto atraente, diz Alessandra, é que ali está todo mundo no mesmo barco. “É diferente de quando uma amiga te apresenta para um grupo e você fica ali tentando se enturmar”. Um dia antes do jantar, você recebe o signo das pessoas e os setores onde eles trabalham, o que dá uma ideia de perfil e de assunto. “Conheci pessoas interessantes e dispostas a conhecer outras pessoas”.

A TimeLeft, o aplicativo usado por Alessandra, é de Portugal e chegou ao Brasil em março, e por aqui já existia a brasileira Confra, criada em julho do ano passado. Não à toa as plataformas estão disponíveis apenas em grandes cidades: a proposta de sair com desconhecidos cai bem em centros urbanos, onde é comum priorizar o trabalho e ter um estilo de vida mais voltado para si.

As duas plataformas estão presentes em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Campinas. A Timeleft também está em Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Salvador. Ambas planejam expandir o número de cidades brasileiras nos próximos meses.

👓 HISTÓRIA DO LEITOR

Por que decidi não ser mãe?

Mariana Borges, 39 anos, advogada

“Esse assunto da maternidade nunca foi um tabu para mim, porque nunca senti vontade de ser mãe. Não me via nesse cargo, nessa função, nessa ocupação. Há uma grande pressão social em torno disso e minha sorte é ter pais que sempre me entenderam e me apoiaram. Já vi tias, mães de amigas cobrando as mais jovens a serem mães e isso costuma atrapalhar na tomada de decisão principalmente de mulheres, que são muito mais pressionadas que os homens a trazerem um filho para o mundo.

Para além do fato de eu não ter vontade, posso listar tópicos que reforçam a minha decisão: tenho uma vida agitada, não existe ex-mãe, não quero mudar o formato da vida que planejei ter e que gosto de ter, questões financeiras... Também acho que o mundo está muito complexo e exigiria muito educar pessoas nesse contexto.

Segui minha vontade, meu instinto e sou muito feliz com essa decisão. Avisei meu parceiro logo no início do nosso relacionamento, e estamos felizes, de casamento marcado. Acredito que quando você está bem-resolvida em relação a essa questão, não precisa ficar se justificando para a sociedade. Por outro lado, no dia a dia, não fico comentando isso com todo mundo, porque tem sempre aquelas pessoas que vão lamentar minha decisão ou dizer coisas como “Você nunca vai conhecer o amor verdadeiro”. Eu tenho as minhas concepções sobre amor, e quando vejo que a outra pessoa se sente desconfortável com minha opção pessoal, como se ser mãe fosse obrigação, evito o assunto. Prefiro não perder meu tempo entrando em polêmicas.”

📺 DICA DE ENTRETENIMENTO E CULTURA

O que ver no streaming?

Imagem: Ripley (Netflix)

“Estou adorando Ripley (Netflix, 2024), uma série bem estilosa, com uma atmosfera noir, sobre um sujeito que vive de pequenos golpes quando recebe uma proposta de ir para a Itália resgatar o filho de um grande empresário. Incrivelmente bem dirigida, a série traz como protagonista Andrew Scott, que brilhou como adjuvante em Sherlock, onde deu vida ao personagem Moriarty, e em Fleabag, no papel de um padre. Estava na hora de ele viver um personagem à altura do seu talento.

Ricardo Laganaro, diretor de experiências imersivas

Priscilla (2023, Mubi, Prime), o longa mais recente de Sofia Coppola, é para mim o melhor filme dela depois de Lost in transation. A diretora sabe como poucas pessoas filmar a solidão, e nos conectamos o tempo todo com a loucura e o aperto no coração de se casar com um ídolo da música e se sentir sozinha. A família de Elvis Presley não liberou as músicas para o filme, mas isso não atrapalhou em nada: a história, afinal, é sobre Priscilla, que conheceu Elvis quando tinha apenas 16 anos e, com o tempo, foi entendendo melhor os limites daquela relação e os próprios desejos”.  

Liliane Prata, escritora e jornalista

❤️ Obrigado pela leitura, Zatter!

Uma ótima e interessante sexta-feira, e que você relaxe e curta o final de semana. Nos vemos semana que vem!

Chegamos sempre de segunda a sexta, logo cedo, trazendo notícias e reflexões para ajudar você a se manter interessante, interessado e atualizado. 

Não se esqueça de checar a caixa de spam e liberar nosso endereço de e-mail no seu servidor, assim você garante nossa chegada diária ao seu e-mail.